RetrôTV 2019: RecordTV
Ainda estamos em São Paulo. Do Morumbi à Barra Funda, agora falemos sobre as decisões equivocadas e os (pouquíssimos) acertos da emissora que, há 30 anos, está sob os pavorosos domínios da Igreja Universal do Reino de Deus: a RecordTV.
O Bispo Edir Macedo conseguiu, num lapso de 30 anos, lapidar um diamante raro e depois dilapidá-lo numa pressa invejável. Afinal, desde que o Bispo Honorilton Gonçalves, última pessoa com algum senso de ridículo na casa foi demitido, o casal blindado (a saber, os bispos Renato e Cristiane Cardoso) conseguiu se blindar ainda mais na "administração" desta emissora de placa de igreja (obrigado Êgon Bonfim).
Pois vejam vocês que, este ano, os produtos com maior Ibope do ano continuaram sendo os mesmos de sempre, Balanço Geral e Cidade Alerta. Se bem que, ao longo do ano, eles perderam fôlego. Agora, chamou a atenção mesmo o horário das reprises. A melhor novela da emissora no ano, acreditem, foi a reprisada Bela, a Feia. Esta voltou numa época boa, já que a novela original, Betty, a Feia, criada pelo saudosíssimo Fernando Gaitán, anda fazendo barulho na Caracol TV, da Colômbia. Sua cópia mais famosa, A Feia Mais Bela, também foi reprisada na Televisa. Até a Telemundo, dos Estados Unidos, criou sua própria adaptação, Betty Em Nova York, comprada a pulso pelo SBT...
Ah, sim, o SBT. Pedra no sapato da RecordTV. E foi com o SBT que a RecordTV travou sua luta mais incansável no horário nobre. Porém, tiveram que esperar pela última semana de Topíssima pra entender o arrombo que causou a grade Cidade Alerta-novela-novela bíblica-Jornal da Record. Talvez devido a isto, Amor Sem Igual está penando pra ficar com a incrível média de 8 pontos de audiência.
E aliás, este ano a bispaiada provou do próprio veneno, achando que as novelas bíblicas iriam continuar sendo o nicho de mercado com o qual eles iriam trabalhar. É, não é mais. Primeiro, a reta final da saga de Jesus, que não rendeu um bom desempenho na audiência; depois, Jezabel, uma novela que eles insistiam em dizer que era macrossérie; agora, voltaram com a reprise fadada ao fracasso de O Rico e Lázaro. Eu gostei da primeira vez que passou aqui. Mas uma reprise à noite desta novela aqui no Brasil (e agora disputando com o SBT e a insossa Amor de Mãe) prova o quanto é difícil manter-se num gênero telenoveleiro apenas por muito tempo.
Aliás, Topíssima, Jezabel e Amor Sem Igual têm apenas um ponto em comum: a mão caligráfica de Cristianne Fridman, que já foi da Globo, mas é na RecordTV que estão seus maiores sucessos como autora principal de uma novela.
Mudando de gênero, A Fazenda este ano continuará sem deixar saudades. Principalmente depois que os "favoritos do público" (mas gente chata pra cassete) foram saindo aos poucos e deixando as "plantas" (exceto por Diego Grossi, que é tão chato quanto) na final. E a estratégia deu certo, pelo menos para Rodrigo Carelli, diretor-geral desde o começo. O insosso Lucas Viana ficou com o maior prêmio, enquanto que Hariany (confesso, tenho uma queda braba por ela) tirou o 2º lugar, para tristeza dos "grudinhos" (e confesso de novo, da minha também).
A linha tênue do despreparo dos blindados segue pela manhã. O Fala Brasil mudou. Só o cenário, mas mudou. O Jornal da Record se multiplicou em 4, mas continua do mesmo jeito. E o Domingo Espetacular sem o saudoso Paulo Henrique Amorim já não é tão espetacular assim. Pois é, Antônio Guerreiro e Rogério Gallo conseguiram acertar pelo menos em um alvo: falta de sintonia. Uma dupla excelente em trocar os pés pelas mãos.
Afinal, o que é que se pode esperar desta emissora para 2020? A fusão com a Band, claro! E fusão total, pois a IURD não vai mais precisar da RecordTV nem da CNT e muito menos da Rede 21 para suas pregações. Eles vão ganhar terreno na Internet. Por isso, aviso aos navegantes: desde já, cuidado!
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