Tarde demais, Globo, tarde demais...

Afiliadas com donos problemáticos vêm sendo limadas aos poucos do portfólio global


Fernando Collor, outrora apoiado por uma edição calhorda do Jornal Nacional que culminou em sua ascensão ao Planalto em 1989, é o chefe e mandatário da TV Gazeta de Maceió, Alagoas. Apesar dos crimes que cometeu durante e depois de seu período presidencial, ele continuava afiliado da Globo até este ano. Pois há dois anos, a Globo tentava achar um jeito de desafiliar-se da TV Gazeta. Pois bem: a emissora alagoana entrou em recuperação judicial em 2019, e a Globo descobriu o envolvimento da TV Gazeta em esquemas de corrupção. Também, com o proprietário sendo um sujeito que confiscou a poupança de milhões de brasileiros, a Globo esperava o quê?!

O Tribunal de Justiça de Alagoas e o STJ até que deram uma forcinha a Collor, mantendo a TV Gazeta no portfólio de afiliadas da Globo. Mas foi só o Procurador-Geral da República pedir pro STF, na prática, anular estas decisões que, em 27 de setembro, a TV Gazeta foi, finalmente, extirpada do radar global. Em seu lugar, a Globo convocou a TV Asa Branca, de Caruaru, a transferir a afiliação de sua emissora em Maceió da Futura para ser sua afiliada.

Collor, mesmo em prisão domiciliar, tentou de tudo pra manter a Gazeta afiliada à Globo. Até foi retirado do quadro societário da emissora, após a Gazeta ter sua concessão ameaçada de ser extinta pelo Ministério das Comunicações. Mas não teve jeito: mesmo pirateando a programação da Globo e os filmes da Netflix, a Gazeta desistiu de lutar. A partir de 1º de novembro, será a nova afiliada da Band.

Coisa parecida aconteceu com a TV Fronteira, de Presidente Prudente, que, devido ao proprietário da mesma, Paulo Oliveira Lima, ter usado a emissora para autopromoção em meio à campanha pra prefeitura da cidade, teve a anulação da afiliação com a Globo e viu a TV Tem tomar parte de sua territorialidade, revivendo, de certa forma, a Rede Globo Oeste Paulista. A TV Fronteira passou a transmitir programação independente.

Isto tudo porque a Globo, além da exigência de qualidade técnica e editorial, agora determina que os donos e executivos das afiliadas não podem se autopromover politicamente usando dos recursos da afiliação. É uma medida justa? Não, porque, repito, Collor se utilizou disso na campanha de 1989 e no período em que governou o país. Ou seja, tomar agora uma decisão dessas, que poderia ser adotada quando Boni era o CEO da emissora, não é uma correção de rota, e sim um atraso de vida.

Se o proprietário de alguma emissora afiliada quiser se candidatar a qulquer cargo público, não pode desfrutar dos benefícios de seu próprio patrimônio. Isso, como se sabe, é (ou deveria ser) um crime eleitoral. Mas não deveria ser padrão apenas da Globo, de verdade. E tardiamente a Globo toma essa decisão. Tardiamente…

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