O SBT FALIU [27º capítulo]: "Planejamento? O que é isso?"

Eu ia fazer um vídeo falando sobre, mas decidi introduzir esse assunto nesse capítulo da sua novela-reality...

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A Globo, apesar dos erros crassos que insiste em cometer (e inclusive cinco deles podem levar a emissora à perda total da liderança), já tem um planejamento pro ano que vem. A Band, por sua vez, já se armou e, pretendendo tirar a liderança da Globo a longo prazo, resolveu atacar e fez um planejamento digno de rede de televisão.

E o SBT, o que vai fazer? Bem, o SBT está planejando fixar as novelas mexicanas às 21h30 e colocar programas inéditas em janeiro e fevereiro, ao invés de dar férias costumeiras aos seus funcionários, com a desculpa esfarrapada da pandemia e da crise econômica que atinge o mundo há dois anos. Pergunto: isso é planejamento?! É capaz da cúpula do SBT responder o que está no título do capítulo: planejamento? O que é isso?

Respondo: isso é algo que, quando Luciano Callegari esteve ao lado do Silvio, foi usado e muito bem usado pra consolidar a vice-liderança de audiência que o SBT perdeu pra Record e corre o risco de perder o 3º lugar pra Band com a estratégia de guerrilha deles. Sem um voo mais ousado, temendo perder o emprego e sem forças para encarar o "Patrão Superstar", o SBT vai disputar migalhas com a Cultura, a Gazeta e, casualmente, com a RedeTV.

O argumento da inclusão do futebol é basicamente manjado, quando 2022 está logo ali e você só tem isso pra dizer que o SBT fez algo diferente nos últimos 9 anos. Então, o que é que está errado? Ora, se você é diretor do SBT e resolveu por acaso ler o que dizem a respeito da emissora e do patrão para o qual você trabalha, faço questão de dizer o que está errado:

1. Comodismo. O grupo de diretores criativos do SBT ficou refém das ligações de Silvio Santos. E se ele morrer, o que vai acontecer com qualquer um de nós, vocês ainda vão esperar que ele ligue? Vão ficar tipo cachorros, quando o dono vai pro Hospital só saindo de lá pra um túmulo, e mesmo assim o cachorro espera que o dono saia do Hospital? Não vai dar certo. Como acabar com o comodismo? Mostrando a realidade a quem não quer vê-la. É um ditado certo esse de que "é difícil você ensinar novos truques a velhas raposas", mas isso pode dar certo com alguém que só pleiteou as concessões da Tupi lá em 1981 pra brincar de televisão. Ou, a bem da verdade, pra ter uma emissora onde apresentar seus programas em paz. Se você não tem medo de perder o seu emprego, mesmo sabendo da realidade aqui fora, e tem coragem o suficiente, peite. Mostre o que é certo e não vá pelo que é errado, embora, é claro, você o tenha que fazê-lo com tato e cuidado, até porque o Silvio tem TNM (Transtorno Neurocognitivo Maior). Se não souber o que significa isso, pesquise no Google.

2. Vaidade. Desde 2012, o SBT escorou de tal maneira no "não-me-toque" que, se alguém por acaso resolver tirar a Silvia do Bom Dia & Cia. ou trocar a Patricia pelo Luis Ricardo na apresentação dos quadros do Programa Silvio Santos, é ataque de estrelismo na certa. Sem contar o Ratinho, que insiste em dizer que só sai morto do SBT. Como acabar com a vaidade? Cortando na carne. Quando o bolso tá vazio e/ou não se tem mesada na conta, os apresentadores baixam a bola. Às vezes, é o medo de perder o emprego que mantém o emprego. E cortando na carne se tem mais chances de planejar algo que vá de encontro com a realidade da emissora.

3. Idolatria. Esse é um ponto deveras polêmico, que se resume apenas a um único motivo: adoração ao Silvio. Preciso dizer mais? Acho que não, pois só nessa frase já dá pra entender o porque de gente de dentro (e até de fora) do SBT ter medo da verdade, que é inevitável a todos nós, reles e vis pecadores mortais. Como acabar com a idolatria? Abra os olhos. Apenas isso. Nem sempre o Silvio vai estar vivo, de corpo presente, a não ser que você queira maratonar todos os vídeos do canal do programa dele. Então, aceite a realidade. Se Silvio fosse mesmo um semideus ou deus, como muito abobado acredita, ele estaria realmente comandando uma emissora de TV ou já estaria em um outro patamar, bem distante da nossa realidade? É essa a reflexão que deixo aos SBTistas das redes sociais, aos quais se incluem os membros do Sindicato da "classe" supracitada.

4. Falta de estratégia. Vocês lembram de Pássaros Feridos? Então... o assunto já foi tratado com riqueza de detalhes pelo meu grande amigo Êgon Bonfim no excelente blog ÊHMB De Olho Na TV. Vocês lembram da estreia do Cinema Em Casa, em 1988? Pois é, foi só o SBT falar que ia exibir Rambo I que, no dia da estreia, a Globo inventou de programar Rambo II. Não houve confronto de "Rambos", pois a Globo surrou o SBT na audiência: 65 x 6. Na semana seguinte, numa sexta-feira, o SBT inventou de colocar de novo o Rambo I. A Globo programou dois capítulos seguidos de Vale Tudo, mas o SBT esperou pacientemente que os dois acabassem para poder colocar finalmente o Rambo I e conquistar a liderança de audiência, com 41 pontos de média e 44 de pico segundo o IBOPE. Hoje em dia, o que se vê é uma cambada de diretores criativos que não botam suas ideias pra jogo por medo de represálias do próprio patrão, por achar que as ideias estapafúrdias dele (alô Fofocalizando) estão em 1º lugar. E isso nos leva ao quinto ponto:

5. Falta de vergonha na cara. A Globo tinha Boni, que não era o dono, mas nos seus 31 anos de casa fez o possível e o impossível pra colocar a emissora na liderança de audiência. A Record tinha o bispo Honorilton Guimarães, que pode não ter sido um santo enquanto esteve no Brasil (antes de ser transferido para a África pelo bispo vingativo Renato Cardoso, genro de Edir), mas pelo menos catapultou a Record para a vice-liderança de audiência da qual, frise-se, só vai sair se a Band conseguir colocar o seu planejamento para 2022 em prática. E o próprio SBT tinha o já citado Luciano Callegari que, apesar da competência, foi demitido por Silvio Santos, o lugar-tenente da Anhanguera, que é a razão de tamanha ruína pela qual o SBT se encontra. Todos esperam que ele faça alguma coisa, mesmo quando ele próprio deixa que seus diretores tomem as rédeas da situação. Falta vergonha na cara pra assumir que, de um jeito ou de outro, o SBT faliu.

Faço, portanto, uma pergunta só em relação aos dois últimos pontos: Como acabar com a falta de estratégia e, ao mesmo tempo, com a falta de vergonha na cara? Infelizmente, pra essa pergunta, não tenho resposta. A menos que alguém se toque e contrate outro alguém que convença os SBTistas que, afinal de contas, o Silvio Santos nunca será Deus de ninguém.