Teleton: a causa já foi nobre
Este artigo conta com a colaboração do meu grande amigo Êgon Bonfim, a partir de um e-mail que me mandou (com réplica e tréplica) pra falar sobre o assunto. Até fiz questão de incluir no texto algumas passagens desses e-mails. Valeu mais uma vez, Êgon.
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Sábado, 23 de outubro de 2021. Um dia para ficar marcado na história do merchandising social a nível de mídia. Marcado positivamente, por causa da lendária campanha McLanche Feliz, que traz de volta o sorriso ao rosto de milhares de crianças pelo Brasil, em que toda a renda do Big Mac vendido no dia é revertida para instituições que combatem o câncer infantil, tais como o GRAAC e o Instituto Ayrton Senna, novos parceiros da campanha.
Porém, fica marcado negativamente, porque no dia anterior, começa o Teleton versão 2021. E olha que eu já fui fã do Teleton. E fã raiz, de não querer perder um só minuto da maratona SBTista de quase 36 horas no ar, em prol de uma causa justa: o amparo às pessoas com deficiência, primordialmente física. Foi o Teleton quem fez a AACD, que já existia antes do Teleton vir ao Brasil, subir de nível, sendo construídas muitas unidades ao redor do país, a maioria na Grande São Paulo.
Mas desde que a Hebe morreu, o que se vê é um Silvio Santos desesperado pra transformar o Teleton no Criança Esperança do SBT. Desde a edição 2012, o animador e empresário só tem se metido em encrencas. A mais polêmica, vocês devem se lembrar, foi a do vestido rosa de Claudia Leitte, em 2018, o que fez com que ela não voltasse a pisar os pés na Anhanguera até hoje.
Para este ano, não se descarta uma aparição de Silvio Santos e da plateia, diferente da edição do ano passado que, além de mais enxuta, não teve plateia... e nem Silvio Santos. Também estão confirmadas presenças de duas figuras importantes da Record e algumas da Globo. A Band, como este blog já disse em artigo passado, não liberou ninguém. Melhor dizendo: o Diego Guebel não liberou ninguém.
Ah, claro, também tem as atrações musicais, o que de fato me motivou a ser fã do Teleton além da própria causa, repito, justa. Me estranhou o fato de Daniel, padrinho da maratona desde o começo (e um dos meus cantores preferidos, diga-se de passagem), não ter sido relacionado pra lista musical, que já conta com Pablo Vittar, Simone & Simaria, Joelma, Felipe Araújo, Dilsinho, Lexa, Tierry, Gustavo Mioto, Maiara e Maraisa, Patati Patatá, Gaby Martins, Dennis DJ, Diego e Victor Hugo. Como dizia Maria Helena Dutra, todos não valem uma piscada de olhos.
Pois é, falei no Daniel, né? Então, a máfia Abravanel sempre tem a última palavra para decidir como será o evento a cada ano que passa. Quando não tem pandemia que pare, é sempre a mesma coisa: um programa de auditório de 27 horas seguidas com cada apresentador e sua equipe a tiracolo seguindo a risca a máxima de Jesus Cristo: "não divido minha glória com ninguém".
A bem da verdade, o Teleton 2021 é uma comprovação exata de que, assim como Silvio Santos:
- ficou parado no tempo, porque, por mais que ninguém mais use telefone fixo e até mesmo as classes mais pobres tem um smartphone por mais barato, paraguaio e vagabundo que seja, use mais pra mandar WhatsApp, instalar aplicativos, mandar mensagem de voz e até de vídeo (e em tempo real), ninguém mais telefona nem pelo 0500, que tá mais ultrapassado que o fax;
- não acontece mais pela causa, que já foi nobre, porque se defendia e se respeitava a deficiência sem lacração (como o próprio Teleton já está fazendo);
- se transformou em um balcão de negócios, porque muitos profissionais de outras emissoras que faziam participações na maratona já foram contratados pelo SBT em diversas ocasiões;
- almeja a autopromoção dos Abravanel, sendo que o próprio Silvio Santos impõe o título de padrinhos e madrinhas dessa campanha, por mais que ele recuse o "título" ainda que ele seja moralmente mais merecedor que toda classe artística [afinal, é ele que manda na AACD pelo menos uma vez por ano];
- não tem um substituto à altura pro encerramento, até porque o Mauro Zuckerman não iria querer sair da carreira de leiloeiro pra assumir a barra caso o Silvio venha a falecer.
É sabido, também, que todos os presidentes já efetuaram ligações telefônicas para o Teleton ao longo dos anos. Mas não duvido que o atual presidente, que até o seu papagaio sabe quem é, apareça presencialmente lá na emissora, mesmo com a COVID no coro, participando da campanha na parte da Tropa de Choque liberando verba desviada do governo para a AACD "atingir meta" e construir nova sede, fazendo o Silvio e seu clã pagarem pau pro seus discursos paranoicos de que a pandemia é uma mentira.
Ou seja, banalizar a causa dos deficientes, que já foi nobre em seus tempos áureos, para colocar uma verdadeira encheção de linguiça em prol de alimentar os cofres do SBT, combalidos por causa da pandemia e, em 95%, da falta de senso do ridículo do dono da emissora, é pedir pra levar cacete.
Aliás, toda campanha de solidariedade tende a um desgaste se ela continuar sendo feita pelas mesmas pessoas que mantém seus velhos hábitos e relegam o evento a uma mesmice imprescindível. Veja o próprio Criança Esperança por exemplo. De tanto insistir nos shows milionários no Ibirapuera com o Renato Aragão de sempre, ninguém mais acredita na causa da campanha que foi desvirtuada graças aos haters que desmistificaram tudo nas redes sociais. Deram uma reformulada, mas o estrago já foi feito.
Por essas e outras, é que eu deixei de assistir o Teleton em 2017. O melhor mesmo é deixar a TV desligada neste final de semana e ir comer um Big Mac, porque o McDonald's desde 1988 jamais utilizou espaço na TV para fazer um programa sobre tal, apenas inserções de 30 segundos. O Êgon, eu e, com certeza, você também... enfim, todos somos mais McDia Feliz! Quem fala muito disso é o blog Denis e Você, que com certeza também vai tocar no assunto.
Outros desvairios Teletonianos, que o fã-clube insiste em chama de "gafes", do dito cujo capazes de derrubar a audiência, coisa que ele faz desesperado pra fazer "caridade", numa cabeça depravada que só pensa em sexo copiando os hosts norte-americanos (só falta ter uma ereção ibopística e fazer uma curra ao vivo numa colega de trabalho pra ganhar da Globo na marra): Reclamou do cabelo da Pata das Chiquititas em 2014 (num claro indício de racismo), chamou a Xuxa de "garoto americano" em 2015, falou da "bunda de travesseiro" da Simaria em 2018 e acusou o próprio neto (o Tiago) de "traição", só porque fazia novela na Globo, em 2013. Pior, recusou em dividir o palco com o Gugu em 2017, 2018 na última participação dele na campanha (ele foi obrigado a contracenar por alguns minutos com a madrinha moral da campanha, a falsa da Patricinha que deve tê-lo xingado aos montes pelas costas) reforçando a teoria dos "traidores" que ele adora acusar os ex-funcionários (artistas de preferência) de suas empresas. Todo mundo queria ver os dois juntos depois de muitos anos, mas nem no velório apareceu alegando pneumonia. Ah, coloquei o termo "pagarem pau" porque esqueci e só lembrei agora de outro mais adequado, "babarem ovo" pro JB, que já estourou o orçamento de tanto torrar verba pra reeleição. No futuro (ou quem sabe agora), nenhum canal de TV vai pagar mico pra alguém que tenha Abravanel como nome do meio.
ResponderExcluirMais uma vez, nada mais a acrescentar. Cirúrgico como sempre, Êgon. Valeu pelo apoio!
ExcluirOutra coisa que esqueci de citar no comentário acima: as mancadas Teletonianas começaram mesmo em 2011, ano em que Hebe Camargo foi obrigada a mudar de emissora porque sua bolha estourou no que diz respeito a questão salarial (ela jamais se submeteria a política muquirana de redução de salários, tão defendida pelo pão-duro do Silvio Santos). Ela foi para a Rede TV! e se tornou alvo de discriminação promovida pelo SBT (sentindo na pele a mesma coisa que o Gugu, que já estava na Record ao mesmo tempo em que recebia o estigma de "traidor"). Logo quando começou o evento de 2011, o Abravanel foi logo chamando a Eliana de "madrinha" da campanha, justamente ela que nunca tinha pisado numa unidade da AACD por livre e espontânea vontade e jamais se engajou pela causa (nem ela e nem a Patricinha, a "madrinha moral" que tinha ganho destaque e idolatria por liderar aquele Festival SBT 30 Anos, que só não ganhou o "título" porque o papaizinho não queria ser "nepotista"), o contrário da Hebe que fazia o papel de "traidora". Meio que obrigado, o lugar-tenente teve que dividir o palco a contragosto com a loiruda (em sua última participação) na parte derradeira e a constrangeu em rede nacional recusando um selinho (à pedido do Ronaldo Fenômeno por telefone) e fazendo uma piada desagradável dela que me fugiu da memória. Ora, ele já tinha dado selinho na Hebe em março de 2009 no Troféu Imprensa e não tinha se lembrado (como também esqueceu que 2003 foi o ano em que o Teleton não atingiu na meta dentro das 27 horas regulamentadas pelo dito cujo). Se aparecesse uma doação além da hora, ele logo dispensa, manda a pessoa embora e impede que o valor por mais polpudo que seja chegue a conta da AACD.
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