Motivos cruciais que podem levar a Globo à falência

Ao que tudo indica, a Globo está caminhando rumo ao abismo


Uma previsão feita em 1988 por um homem (cujo nome não me vem à mente, mas o Êgon certamente se lembra), publicada pela extinta revista Intervalo, dizia que a Globo poderia perder a liderança de audiência a nível nacional em 2038. Porém, é duro ter que admitir que muitos opositores estão com a razão. Pelo menos desta vez.

Este despretensioso blog, definitivamente, não estava preparado para assumir o pior: se continuar do jeito que está, a Rede Globo pode perder a liderança total de audiência já em 2022, e esse é um dos motivos que podem levá-la à falência, provavelmente, um ou dois anos depois.

A sequência de fatores a partir daqui é pura e simplesmente o pontapé inicial da derrocada da Rede Globo, o começo do fim da Vênus Platinada. Pode parecer sensacionalismo da minha parte, mas levando em consideração o número de erros que podem adiantar a falência da TV Globo (e não do Grupo Globo, frise-se), é provável que o que apenas os céticos esperavam se torne verdade em pouco tempo.
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1. Enxugamento de despesas. O projeto Uma Só Globo, que demitiu muita gente com a desculpa de unificar os veículos de comunicação do Grupo Globo, pelo que consta, deu com os burros n'água. A receita costuma aumentar quando qualquer grande empresa resolve dar, no mínimo, R$ 8 a 10 milhões em 30 segundos de comercial no horário nobre da casa. E isso se dá por dois fatos: a Globo ainda é líder de audiência e, por incrível que pareça, sua credibilidade junto às empresas é grande. Porém, o efeito de demissões todavia não acabou, e pra piorar, a receita só do trimestre passado foi negativa.

2. Investimentos maciços no streaming. O crescimento da Netflix em solo brasileiro e a reação do Globoplay, streaming da própria Globo, estão esvaziando a teledramaturgia da TV aberta, mas principalmente da mesma Rede Globo. Tanto é que, quando a Netflix anunciou que irá produzir o remake de Dona Beija em parceria com a produtora Floresta, o Globoplay reagiu anunciando violentamente a sequência de Verdades Secretas. Sequência esta que, provavelmente, só vai passar em TV aberta com cortes. E olhe lá.

Enquanto isso, na mesma TV aberta, só há uma novela inédita, a cambaleante Nos Tempos do Imperador. Que, convenhamos, embora esteja uma beleza para os críticos, vai mal das pernas com o povão, assim como as reprises. E principalmente a re-reprise tão alardeada de O Clone, que voltou só pra fazer fiasco.

3. Escolhas erradas. A nova direção da Rede Globo, a saber, Ricardo Waddington e José Luiz Villamarim, decidiu divulgar as novelas Um Lugar Ao Sol, das 21h, e Quanto Mais Vida, Melhor, das 19h, só agora, a apenas um mês de estreá-las. Tudo porque são novelas escolhidas pelo ex-diretor de dramaturgia da casa, o célebre Silvio de Abreu. Enquanto isso, desde julho, estão reforçando a divulgação do remake de Pantanal, que só estreia em março de 2022.

Já no entretenimento, as coisas não melhoram muito. Decidiram manter o Domingão Com Huck, não do jeito que está, mas o apresentador que já fez muita gente verter lágrimas por 15 anos no sábado (sendo que entre 2000 e 2005 era muito mais descolado) está repetindo a fórmula de Faro e Eliana no domingo, só que com a plástica da Globo.

Enquanto isso, Mion recém chegou no Caldeirão e não é certeza pro ano que vem, tanto que vão rebocá-lo para o Multishow. Olha eu não tenho nada contra o Multishow. Porém, quando você é apresentador, rodado, com anos de experiência, começa em TV aberta, se consagra demasiado na aberta e vai parar na TV fechada, das duas uma: ou te contrataram por pressão popular ou querem forçar sua saída dos meios de comunicação. E a escolha errada mais recente foi a de Tadeu Schmidt para o BBB 2022. "Ih, o cara nem começou a apresentar e já vão meter o pau..." Mas eu tenho minhas justificativas para reprovar Tadeu como substituto oficial de Tiago Leifert.

Uma delas é que, quando deslocam alguém do jornalismo para o entretenimento, se faz uma dança das cadeiras desnecessária. Vocês repararam que, em 25 anos, o único que se manteve de fato no lugar que ainda está foi o William Bonner? Ele é titular do Jornal Nacional desde 1996! E foi só ele que continuou no lugar. De resto, todas as posições mudaram.

E nesse mesmo argumento, cito também Fernanda Gentil, que só deu certo no esporte (vinculado ao jornalismo da Globo). Depois que ela foi pro entretenimento, só deu bolor. Como eu disse certa vez num post no Instagram: ressuscitaram o Ponto a Ponto sem que se dessem conta. Quando perceberam a cagada, pra não dar muito na vista, rebatizaram o programa como Zig Zag Arena, que teria até mais credibilidade se fosse apresentado pelo palhaço Zig Zag, da RIT TV, emissora de propriedade do RR Soares.

A outra justificativa é atrelada à primeira: já tem gente demais no entretenimento da Globo. E gente competente, com capacidade e experiência comprovadas para comandar um programa do porte do BBB. A própria Ana Clara, que amadureceu como comunicadora e, a meu ver, está pronta pra assumir a missão, provavelmente vai continuar sendo a cara do Plantão BBB pro ano que vem. Então, eu pergunto: se estão remanejando jornalistas de gabarito pro setor de entretenimento, pra quê investir em mais caras novas no setor? Já que não promovem a moça, por que não liberá-la para outros canais?

4. Neutralidade política. Quando a Globo sentiu que não conseguia mais simpatizar com os eleitores brasileiros, ao ponto de permitir as vitórias petistas a partir de 2002, resolveu assumir uma neutralidade política jamais vista, como deveria ser desde o começo, se não fosse por um detalhe: Roberto Marinho, o verdadeiro conservador patriota, que faleceu em 2003. Marinho apoiou o regime militar de 1964, mas permitiu que intelectuais de esquerda como Dias Gomes, por exemplo, trabalhassem na Rede Globo. Isso sim é patriotismo: permitir que pessoas que pensam diferente de você trabalhem com você ou pra você.

Agora quem elege presidentes é a SIMBA Content, a polêmica joint venture que uniu SBT, RecordTV e RedeTV no mesmo balaio e a única coisa que fez de relevante até agora foi ter ajudado a eleger Jair Bolsonaro, que sempre foi opositor da Globo, da qual era proprietário um conservador patriota, coisa que o próprio Jair jamais foi. E tem mais: a RecordTV e o SBT também ajudaram a eleger Lula, por duas vezes.

Com a neutralidade, vieram os ataques. Primeiro dos petistas, sendo que as provas contundentes dos crimes de Lula foram mostradas a torto e a direito e a Globo ajudou a divulgá-las, e depois dos bolsonaristas, sendo que as provas contundentes dos crimes de Jair e de sua família foram proibidas de serem mostradas pela Globo.

Censura prévia, aproveitando-se do poder. Coisa pela qual a Globo passou desde os primórdios até 1985, ano em que completou 20 anos, coisa pela qual passa agora por não poder divulgar o andamento dos crimes cometidos por Flávio Bolsonaro, e coisa pela qual pode passar caso Lula, que promete regular os meios de comunicação, incluindo-se a internet e a televisão, volte ao poder.

5 (e a mais gritante): segregação de pessoas. É que Claudia Souto, autora de Pega Pega, novela das 19h atualmente em reprise, está escrevendo a sucessora de Quanto Mais Vida, Melhor, também para as 19h, chamada Cara e Coragem, com a qual promete embarcar fundo na linguagem neutra. Vamos deixar as coisas claras: a linguagem neutra não aproxima os LGBTQIA+ das pessoas cis, e sim as segregaÉ sobre isso.

Por exemplo: quando você quer incluir todas as pessoas, mas pra isso, você começa a falar "todes" ou escrever "todxs", você não está incluindo ninguém, só está sendo imbecil. Agora, quando você quer incluir todas as pessoas, mas pra isso, você fala ou escreve "todos" ou "todas as pessoas", do mesmo jeito que eu fiz (três vezes), você está incluindo os LGBTQIA+ no meio, sem precisar trocar uma letra ou mudar sua pronúncia.

Há várias maneiras de lutar pelos direitos LGBTQIA+: pressionando os parlamentares federais a votarem pelos seus direitos, denunciando seus agressores, respeitando seus gostos e suas crenças. Agora, querer fazer uma reforma ortográfica ilegal da língua portuguesa de maneira que essas diferenças fiquem ainda mais perceptíveis é burrice.

Aliás, já que o Mion tá na Globo e a própria Globo tá fazendo um especial sobre "falas", com as chamadas "minorias" que só são minorias na teoria, a bem da verdade, por que não fazer um Falas do Autismo? Se quiserem, é só me chamarem. Antes que declarem falência.
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Estes são os motivos mais cruciais que podem culminar na perda gigantesca de audiência em TV aberta da Globo e na sua inevitável falência. Estes, porém, podem não ser os motivos mais significativos para isso. Se serão ou não, só o tempo dirá.

Comentários

  1. Este artigo esclarece um grande enigma televisivo. Eu também, através do tempo, já estou psicologicamente amadurecido e preparado para encarar algo tão impressionante. Estou a par da nova onda de demissões através do portal fã-clubista TV História. Mas o fim de fato está nas mãos do birrento e paranoico JB, pois basta ele criar um pequenino caso com esta que ele convencionou a chamá-la de "Globolixo" para ele ir direto pro gabinete e assinar o decreto-lei outorgando sua cassação sob pretexto de "promessa de campanha" numa manobra desesperada para descolar mais 4 anos no poder. Mas mesmo com essa neutralidade política e sua suposta (e mau-correspondida) aproximação ao lado esquerdo da coisa, o histórico de tendencialismo e sua considerável rejeição popular (dita "Globofobia") vão ser decisivas para jogar a pá-de-cal no Grupo Globo e sua "TV Bode Expiatório". E quem vai mais lucrar com seu fim? A Igreja Universal do Reino de Deus, que com sua Rede Record está quietinha demais pela demérita reconquista do segundo lugar (por culpa do SBT) e esperando o momento certo para voltar a sonhar com o "caminho da liderança" que é logo ali na esquina, graças a ajudinha que vai ter do poder, na qual anda de braços dados rumo ao paraíso.

    OBS: Sobre o parágrafo inicial, o jornalista é Gabriel Priolli e o depoimento foi concedido na revista Imprensa em março de 1988 na reportagem "O Estilingue contra o Raio Laser" sobre a ameaça que o SBT estava se tornando perante a Globo: "Dentro de 50 anos (2038), a Globo será batida".

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    1. A IURD só vai lucrar com alguma coisa de fato quando tomar o terreno da Internet. Afinal, aqui o número de seres ingênuos que acredita na Teoria da Prosperidade, da qual eles são os maiores divulgadores (junto com Valdemiro, Malafaia e tantos outros fariseus hipócritas que há por aí) é maior do que no universo da TV aberta.

      E não é o Jair que vai acabar com a Globo, muito pelo contrário, aliás. É a própria Globo que está acabando consigo mesma, não atoa escrevi esse artigo. O Jair é só uma faísca perto da fogueira que o projeto Uma Só Globo começou e não parou de crescer.

      OBS.: Obrigado, Êgon! Eu sabia que era algum Gabriel, mas não me lembrava o sobrenome. E também errei por oito anos a previsão do mesmo, era 2038 e não 2030.

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