O bairrismo no esporte da RPC desrespeita o telespectador

Rede de emissoras afiliada à Globo no Paraná, RPC aplica um bairrismo maior que as outras no esporte

Diferente de outras matérias, não vou pôr o logo da RPC aqui. Não por questões de direitos autorais. É por vergonha mesmo.

Era hoje, domingo, 24 de novembro de 2019, às 16:17, quando resolvi desligar o computador para assistir o confronto entre Palmeiras x Grêmio, que pode dar ou não a taça ao Flamengo nesta rodada, sem precisar jogar. Afinal, o jogo flamenguista que correspondia à essa rodada foi realizado duas semanas atrás: o empate em 4x4 contra o Vasco. E nós, flamenguistas, devíamos assistir para secar o Palmeiras.

Mas ao ligar a TV na RPC, tomo um susto e me encho de raiva: a pelada que estava passando era entre Coritiba x Bragantino, pela Série B do Campeonato Brasileiro. Em rede estadual! E olha que por mais que o Coritiba ganhe hoje, não subirá pra Série A nesta rodada. O bairrismo que atinge as emissoras da Rede Globo ganha mais força em se tratando de RPC.

Afinal, o Globo Esporte estadual já demonstra isso: são em média 25 minutos diários de programa. Sendo que 75% deste tempo são dedicados descaradamente a Coritiba, Athletico e Paraná, times de Curitiba. Os outros 25% são divididos entre matérias dedicadas a outros times, outros esportes, matérias interessantes da rede e intervalos comerciais.


Só que este é o problema. Por mais que o Athletico esteja na Série A, Coritiba e Paraná estão na B e, mesmo assim, o GE Paraná dedica uma boa parte de seus 75% a eles. Enquanto isso, Operário e Londrina só tem espaço de vez em quando. Já vi jogos importantíssimos, inclusive do meu Flamengo, serem reduzidos a nota de rodapé, tendo apenas os gols mostrados e nenhuma matéria, enquanto que o "trio de ferro" tem reportagens, entrevistas e o cassete a 4.

A RPC não consegue entender que a grande maioria dos torcedores paranaenses não torce para nenhum dos times da capital e quer que a gente engula abaixo esta várzea que mostram. Os times de Curitiba tem 90% dos torcedores em Curitiba. Então, por que mostrar o joguinho de bosta do Coritiba em rede estadual? Em Cascavel, por exemplo, tem muito mais gremistas, colorados, flamenguistas, palmeirenses e corintianos do que atleticanos, coxas-brancas e paranistas.

Para as outras sete praças-sedes da RPC no Estado, se devia ter um pouco de decência e transmitir o jogo entre Palmeiras x Grêmio, porque este sim vale alguma coisa e para hoje, não para a rodada que vem. Este bairrismo no esporte da RPC é uma falta de respeito descomunal e uma falta de vergonha dos dirigentes desta empresa que há anos estão transmitindo a Rede Globo no Paraná.

Desse jeito, dá a entender que estão copiando o método arcaico da matriz carioca. Digo isto porque o 4x4 acima citado, considerado inclusive o melhor jogo do Campeonato Brasileiro de 2019, não foi mostrado pela Globo em nenhum momento. A emissora não quis arriscar A Dona do Pedaço em sua penúltima semana e esperava conseguir melhores resultados na quarta. A estratégia deu certo, mas na hora errada.

Tinham outros jogos com muito menos importância que poderiam muito bem ser ignorados para a exibição da novela. Mas a grade continuou, tanto que depois da novela exibiram o filme derivado da série Vai Que Cola do Multishow. O povo do Twitter, incluindo-se aí nós flamenguistas, não perdoou.

E pior: para o Recife, o mesmo esquema que é sempre adotado às quartas-feiras antes do futebol foi aplicado para que a Globo Nordeste transmitisse o jogo entre Sport x Botafogo-SP pela Série B. Assim como o Coritiba, o Sport não subiria à Série A naquela quarta-feira mesmo se ganhasse.

Olha, se a final da Libertadores não fosse no sábado, a estratégia poderia ser aplicada no sábado, cancelando as exibições semanais dos ótimos Plug e Estúdio C, como foi o que aconteceu ontem para a cobertura do bicampeonato rubro-negro. Mas não, preferem fazer do jeito deles e não do jeito certo.

Se tanto a matriz (Globo) quanto a filial (RPC) escutassem o telespectador de fato, quantas coisas seriam melhoradas na qualidade da programação e na quantidade de broncas que temos com as duas, hein? Digam aí, vamos ver no que dá.

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