João Paulo III e a semifalência da Band

Meus cumprimentos ao editor-chefe e colunista sênior do RD1 João Paulo Dell Santo (https://rd1.com.br/blogueiros/joao-paulo-dell-santo), que abordou em sua coluna hoje a guinada pra baixo da Band. E aqui vou comentar alguns dos pontos que o Sr. Dell Santo abordou.



E começa Dell Santo: "(...) por que a direção do canal do Morumbi comporta-se de forma impávida diante do barco afundando? (...) Já pararam para pensar que, dos quase 10 programas lançados em 2018, com todo estardalhaço, só o “Melhor da Tarde” permanece no ar, ainda assim com índices bem aquém do esperado? Trágico, não?"

Chega a beirar o horripilante. E ninguém se atreve a pôr alguém sem experiência profissional no que se refere a grades de programação para arrumar esta bagaça e, consequentemente, adquirir a experiência necessária para, num futuro melhor, trabalhar em outra emissora (sim, falei de mim, e daí?).

O Sr. Dell Santo continua, dizendo: "(...) quatro situações simplórias que ainda não foram resolvidas.
  1. Linha de shows transferidas das 22h30 para as 22h, colada na igreja, com novela da Globo em pleno voo. Todos os produtos dessa faixa perderam, pelo menos, 1,5 ponto. Quem foi o gênio que executou isso? Pra começar, já que as madrugadas tem espaço de sobra agora (reprises aqui não contam), por que não transferir R. R. Soares pra lá? O dinheiro que ele deposita na conta da Band já não é desculpa pra jogar a Band para o 4º lugar.
  2. A diminuição na duração de “Os Donos da Bola”, produto com fila de anunciantes e audiência muito boa para os padrões do canal. E, frise-se: a apresentação de Neto é que segura o programa. Se ele sair da Band (Deus queira que isto jamais aconteça) ou se ele vier a falecer, o programa acaba.
  3. A escalação de uma reprise de “O Aprendiz” para os sábados às 16h, tirando tempo e audiência do “Brasil Urgente”, em verdadeiro efeito dominó no restante da grade. O Aprendiz é um bom programa. Mal-planejado, mas é. Se colocassem-no diretamente depois do Jornal da Band com certeza acabaria, de um jeito ou de outro, segurando a audiência.
  4. A transferência do “MasterChef” para os domingos às 20h, trocando um público cativo às terças-feiras (por volta de 5 pontos com minutos nas 2ª e 3ª colocações) por uma plateia de 3 pontos e uma indigesta 5ª colocação. Com o perdão da palavra, é a cagada mais mal-feita da Band. De início, pensava-se que iria bater o Encrenca, da RedeTV, mas há tempos se diz que trocar o certo pelo duvidoso dá merda.
Pra finalizar as mal traçadas linhas deste artigo que copio e, obviamente, concordando com o que o Sr. Dell Santo disse ao final de sua coluna que fez um bem em voltar periodicamente, ele se (e nos) pergunta: "(...) Fica a questão: cadê a capacidade de reação da Band? Sr. Johnny Saad está satisfeito com esses resultados? E os demais herdeiros, o que têm a dizer? Os executivos se sentem confortáveis em assinar a direção da emissora? (....)"

Johnny e os demais herdeiros estão mais preocupados com a bufunfa do que com a grade da própria emissora. É como digo numa piada que fiz certa feita: "Herança é aquilo que o morto deixa pros vivos se matarem entre si." O Sr. João Saad fundou, há 52 anos, a atual cabeça-de-rede da Band sem saber que, nos dias de hoje, seus descendentes iriam se matar pela sua herança.

A capacidade de reação da Band acabou quando Luciano do Valle faleceu em 2014 (algo que eu já havia previsto no mesmíssimo ano). De lá pra cá, o que se viram foram erros e mais erros: manter o Pânico no ar quando não devia nem ter contratado; extinguir o CQC que, se estivesse no ar este ano, talvez chegasse a bater a RedeTV às segundas; acabar com 95% das transmissões de futebol (incluindo-se aí a parceria que a DAZN fez com a RedeTV); fazer com que o MasterChef aos poucos vá desgastando seu formato; enfim, tanta coisa se perdeu nestes últimos cinco anos.

De resto, fica o apelo: se a Band quiser realmente crescer em audiência e voltar a pensar em estratégia de programação, me contrate. Tenho projeto e tudo.

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