54 anos de Rede Globo: será que merece parabéns?
"Quem fala mal da Globo não conhece televisão". O autor desta frase, Luciano do Valle, já foi da Globo. E faleceu. Roberto Marinho fundou a Globo. E faleceu. Boni, por sua vez, enquanto não chega a fatídica hora, segue longe da casa que o adotou como filho até 2003. Hoje, 26 de abril de 2019, a Rede Globo chega aos 54 anos com uma festança no Senado.
Nesse meio tempo, tantos astros e tantas estrelas já passaram pelos corredores do Jardim Botânico e, posteriormente, do PROJAC. Ah, esqueci, Estúdios Globo. Mas pra mim segue sendo PROJAC, pois foi com este nome que a Globo se notabilizou da segunda metade dos anos 90 pra cá como a empresa que mais produzia atrações televisivas no país. E continua sendo.
Porém, com a saída de Boni do alto escalão, ficou evidente a falta de estratégia na programação, o medo de artistas com ego nas alturas perderem as atrações que tinham, o comodismo de manter horários (e, às vezes, mudá-los a seu bel-prazer). A partir daí, eles estavam copiando Silvio Santos e o SBT, seu maior rival durante 15 anos (entre 1989 e 2004).
Hoje, eles seguem acomodados, querem manter a pose de líderes, mas já sabemos que a Globo há anos não é mais a líder absoluta de audiência em alguns horários. Não demora muito e a Globo vai virar vice. Seria mais fácil mudar as posições de certos programas. Invertê-los para não extingui-los, como fizeram com o Vídeo Show.
Sem falar, é claro, nas posições políticas absurdas. Roberto Marinho era afinado com o Regime Militar e, por isso, não sofreu muito com a censura nos anos 70 e 80 e viu rivais como Excelsior e Tupi irem pras cucunhas. Depois, manipularam o último debate de 1989 pra meter o Collor no poder. Em 2003, com a morte de Roberto Marinho e com Lula, seu maior rival até então, empossado na presidência do Brasil, parece que tudo mudou. Agora, com Bolsonaro no poder, dá a impressão de que querem apagar o passado militarista e boicotam o presidente. E eu sei o porquê (OBS: eu já postei isso em outro artigo, mas pra quem não o leu, repito).
Porque, nas eleições do ano passado, Edir Macedo, dono da RecordTV e outro que fala mal da Globo e não conhece televisão (ainda que muitos afirmem que essa frase é mentira), escancarou aos quatro ventos seu apoio a Bolsonaro em detrimento de Haddad, do mesmo partido de Lula, a quem apoiou por muito tempo. Com isso, a Globo teria que se posicionar de um lado. E o lado que sobrou foi o do inimigo, o de Lula, que mesmo dentro da cadeia, parece comandar os seus aliados com mãos de ferro.
Minha opinião aqui é sincera em todos os artigos. Nesse não é diferente. Penso que, pelo legado em termos de programação, a Globo merece sim comemorar os 54 anos de existência com toda pompa e circunstância. Pelo momento atual e pelas posições políticas, de jeito nenhum.
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