A ressaca do processo eleitoral continua

Lula venceu; como se comportarão as emissoras daqui pra frente?


Voltei, pessoal! Depois de ter jogado meus próprios blogs e perfis às traças, e passada toda a sangria política, agora estou de volta. Passei tanto tempo trabalhando que acabei me esquecendo completamente que tinha uma vida dentro da Internet. Mas volto, já declarando que aceito o regresso de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente eleito democraticamente (como todos os outros desde 89). Afinal, preferi aceitar porque dói menos.

Porém, diferente de mim, as emissoras de TV não aceitam sem fazer concessões. E por quê? Porque Globo, SBT e Record estão com suas concessões vencidas, e só o Congresso poderá renová-las. Mas como será o comportamento delas e das outras redes de TV agora que o mandatário é outro?

Antes, é preciso esclarecer que não vou falar de Jovem Pan News, GloboNews ou derivados. Como não assino canais pagos (tanto que até o meu canal no YouTube é grátis, basta só se inscrever), não falo sobre. Vou considerar os posicionamentos das redes de TV aberta antes, durante e após a guerra das urnas.

A Globo parecia estar neutra. Até o começo da cobertura das eleições. Os posicionamentos do jornalismo outrora imparcial pareciam até induzir o telespectador de classe média baixa ou baixíssima que Lula era santo. Tanto que o comportamento na sabatina com o mesmo foi totalmente diferente do que o registrado com o derrotado Jair Bolso Cheio.

Quem tirou um peso das costas durante as apurações foi William Bonner, que pareceu mais relaxado do que nunca, depois de dois debates cheios de turbulência. E acabou virando meme por conta de uma política interna de redução de plástico. Afinal, a latinha de água que muitos pensaram ser de cerveja causou muito mais do que o esperado. E quando Lula venceu, não conseguiram nem esconder! Um vídeo vazado da redação mostrava a comemoração do pessoal, como se estivessem vendo o Brasil na final da Copa no Catar (o que não vai acontecer, já adianto).

Mas a Vênus Platinada se atrasou em relação às demais durante a maldita paralisação provocada pelos pelegos que acham que tudo se resolve com intervenção militar. Tanto que só se falava 100% da paralisação praticamente nos telejornais da casa.

Já em relação às três maiores apoiadoras de Jair, eternas amigas e rivais, cofundadoras da extinta Simba Content, não se pode dizer o mesmo.

SBT, Record e RedeTV começaram o seu trabalho de passapanismo já em setembro de 2019, quando muitos que apoiaram Jair na eleição de 2018 claramente estavam acordando pra realidade de que o mesmo nunca foi aquilo que a direita esperava. Silvio, Edir, Amilcare e Marcelo, fisiologistas e clientelistas de antanho, tentaram emplacar muitas atrações a favor do gado. Mas...

A conta chegou. Quando o resultado das urnas em outubro apontou a vitória de Lula, SBT e Record trataram de se retratar. Silvio já se abraçou com o vencedor no mesmo dia, a ponto de interromper o "sagrado" Programa Silvio Santos pra exibir o discurso do "9 dedos". Edir, por sua vez, quis pedir desculpas a Lula. Foi escorraçado por Gleisi, uma das personas tóxicas da equipe de transição (falo mais sobre política no Variante).

A RedeTV, por sua parte, continua na mesma posição. Não me surpreenderei se anunciarem o Luciano Hang, bolsonarista assumido, como novo sócio da empresa.

A Band, por fim, assumiu um papel editorial estranho, mas democrático, abrigando o ex-craque Neto (sim, ex-craque, porque como comentarista foi um baita batedor de falta), apoiador de Lula; o indeciso Datena, que ficou em cima do muro embora pendesse pro lado de Jair; e Eduardo Oinegue, âncora do Jornal da Band, que também pendeu pro lado do Jair, só que um pouco mais escancarado que Datena.

Terminadas "as esquilas à martelo" (essa só quem ouviu "Recorrendo Os Aguapés", do Porca Véia, vai entender), a Band pareceu ser mais imparcial que a Globo, sendo inclusive uma das primeiras junto com a Record a cobrir as manifestações que incitaram o golpe, mas brocharam igual o presidente que os manifestantes apoiavam.

Agora, a Band e a Globo vão continuar se comportando como se nada tivesse acontecido, enquanto o "triunvirato" do inferno vai ter que cortar um dobrado se quiser alguma verba do Governo Federal nos próximos quatro anos.

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