RetrôTV 2021: que ano movimentado esse, hein!

Até nunca mais, 2021!

Não sei quem inventou uma das frases mais folclóricas do nosso futebol: o jogo só acaba quando termina. Mas quem inventou sabiamente fez com que tal frase fizesse história. O jogo da TV brasileira começou com o início do BBB mais polêmico de toda sua história e termina agora, sem grandes novidades, como o Roberto Carlos de sempre na Globo, o especial pago do Neymar no SBT e a farofada da Família Record.

Pois bem, este ano, não vou fazer como fazia pré-pandemia: separar as emissoras em artigos pra formatar a retrospectiva do ano televisivo. Desta vez, vai todo mundo pro mesmo balaio. Claro que vou embasar esta retrospectiva nas matérias deste blog que mais repercutiram. Comecemos de baixo, portanto.

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RedeTV: prometeu, mas não cumpriu, igual o presidente que os donos apoiam

Como sabemos que o Amilcare é deveras discreto em relação à mídia, o Marcelo de Carvalho fez exatamente o que nos canta a nossa filósofa contemporânea Gloria Groove: "Garanta seu ingresso pra me ver fazendo merda". Se bem que no caso da RedeTV, não é preciso pagar pra ver o Marcelo falando merda direto.

Em 31 de março, a fábrica de linguiças localizada em Osasco prometeu uma nova grade no horário nobre. Porém, pra resumir a opereta, quase nada deu certo. Curiosamente, o programa que mais está repercutindo dessa grade (pelo menos nas redes sociais) é o Foi Mau, do pé-frio Mauricio Meirelles, que faliu em sua inglória missão de falir a RedeTV.

Até o Encrenca, outrora fenômeno de audiência disputando pau-a-pau com a RecordTV, viu seus integrantes originais e seu diretor e cocriador se transferindo pra Band e, todavia, existindo com novo elenco, novos diretores, um após o outro (sim, porque o João Kleber começou dirigindo o novo elenco e, pra começar o Teste de Fidelidade do zero, saiu).

Pra 2022, o que prevejo é uma nova debandada, incluindo-se aí a Sônia Abrão, que pode acabar voltando ao SBT, talvez pra ressuscitar o Falando Francamente, e mantendo em seu banco de elenco apenas a Dani Albuquerque (por ser esposa do Amilcare), a Luciana Gimenez (por ser um dos patrimônios da RedeTV), o João Kléber (idem) e os bolsonaristas nível Lacombe em seu elenco. E o Mauricio Meirelles.

Band: reação só ano que vem

A rede sediada no bairro do estádio do São Paulo Futebol Clube só voltou as luzes dos portais de notícias televisivas para si quando repatriou Fausto Silva e, baseando-se nesta grande recontratação, jogou no ventilador o planejamento para 2022, ficando à frente da Globo, a quem pode superar a médio prazo.

Claro que são dignas de parabéns as aquisições de direitos de transmissões esportivas e as negociações para formar uma espécie de "dream team" para a grade do ano que vem. Mas manter no ar o insosso The Chef do Edu Guedes e deixar expor a posição pró-governista do próprio dono, Johnny Saad, são fatos que, embora isolados, podem se aliar ao ao Diego Guebel e ao "caga e não sai da moita" do Datena numa espécie de plano para falir o planejamento para 2022.

Ou seja, o que se prevê para o 2022 da Band é que o planejamento pode dar certo, superando o combalido SBT e a Record a curto prazo. E com uma grande notícia: segundo acaba de informar o Notícias da TV e depois de 18 longos anos de traços no horário nobre, RR Soares está mesmo fora da Band, para a glória de Deus.

SBT: só não faliu ainda porque não quis

Quem acompanha este despretensioso blog com afinco sabe que, desde 2020, escrevo uma novela-reality chamada O SBT Faliu (em alguns capítulos, tive a colaboração do meu grande amigo Êgon Bonfim), dissecando assuntos que sejam (ou não) de grande relevância e que envolva o Sistema. Em 2021, parece que o Silvio Santos ficou mais no Hospital que em casa.

Porém, não deixa de ser minimamente estranha a fala do Carlos Alberto em relação ao Silvio, dizendo que o "Patrão Superstar" não voltaria mais pro ar e, dias depois, o próprio Silvio continuar dizendo que só vende o SBT por R$ 1 bilhão, valor que ele teima em não mudar, mesmo com o dólar a R$ 6.

Em 2003, para quem não se recorda, o lugar-tenente da Anhanguera foi o inventor de uma das fake news mais inacreditáveis da história da televisão: por motivos de saúde, ele estaria vendendo o SBT por R$ 1 bilhão, e que o Boni e a Televisa teriam comprado a emissora. Ambos negaram. Parece que, agora, a chave virou.

Silvio está mesmo com algumas questões de saúde, com as quais está se cuidando em casa, segundo as filhas. Mas a assessoria de imprensa da casa, mais perdida que pulga em cachorro de plástico, sempre faz questão de negar tudo, como se soubesse ler a confusa mente do próprio patrão.

Em 10 de janeiro, a grade vai mudar. Pra pior. A ideia partiu da Paty, que deixou o caseiro Gabriel Cartolano pra cuidar de sua casa de bonecas, inaugurada em março. E Se Nos Deixam, que seria uma das novelas noturnas do canal, estreará uma semana depois, mas às 18h15, ao invés de rebocar Carinha de Anjo pra faixa do combalido Bom Dia & Cia. Ou seja, o que se prevê para o 2022 SBTista, enquanto não vier algum doido e comprar o SBT de verdade, é falta de estratégia e falta de vergonha na cara, pontos que já abordei num dos capítulos mais recentes de O SBT Faliu.

E em abril, a "interminááááável" Poliana voltará ao ar, com novos capítulos da fase adolescente da personagem. Se continuar assim, Poliana só acaba em 2040, com a protagonista já casada com João, tendo três filhos, mais um monte de gente enchendo linguiça na história e ela, mesmo assim, insistir com a palhaçada do "jogo do contente".

RecordTV: mais Igreja Universal do que nunca

Já demorou demais pra oficializarem a mudança pro logo aqui do lado, né?

Todo mundo já sabe que quem manda lá dentro, como dito diversas vezes nesse blog, é o casal blindado, a saber, o bispo vingativo Renato Cardoso e sua esposa, a Excelentíssima Senhora Presidente da RecordTV, dª Cristiane Cardoso. Até por isso, a proibição dada aos funcionários de ligar a Record à Igreja Universal, na minha opinião, é completamente absurda, quando todo mundo se deu conta que o que era apenas uma temeridade está se cumprindo.

Em novembro de 1989, quando Edir Macedo comprou a Record das mãos do Silvio Santos, praticamente fez um propósito quando disse que a emissora iria ser totalmente independente da Igreja. A prova mais recente de que o Edir descumpriu tal propósito foi que uma de suas maiores audiências no Rio de Janeiro, o Cidade Alerta local, ganhou a companhia do bispo, ex-prefeito e ex-presidiário Marcello Crivella, sobrinho do Edir.

Desse jeito dá a entender que é verídica a teoria da conspiração de que a RecordTV quer subverter as ordens do sistema e fazer do Brasil um estado religioso, do mesmo jeito que o Boko Haram quer na Nigéria, do mesmo jeito que o Estado Islâmico quer no Oriente Médio e em partes da Europa, do mesmo jeito que o Talibã faz no Afeganistão desde que retomou o poder.

A mão pesada de Miss Cris (é assim que vou chamá-la a partir de agora), que até então só se fazia sentir na teledramaturgia da emissora, da qual já falaremos, agora se faz presente em tudo. Não atoa, a notícia mais visada da RecordTV nesse segundo semestre foi a demissão de Walter Zagari, outrora vice-presidente comercial da emissora. Aliás, nomes importantes como Marcos Mion saíram da filial televisiva da IURD justamente por conta dela e de seus asseclas, como Rodrigo Carelli, por exemplo.

Cristão de verdade não dá ataques de pelanca. Levando-se isso em consideração, Miss Cris não é cristã de verdade. A cota civil de funcionários da emissora até desenhou a grade especial de fim de ano, prevendo-se para 31 de dezembro uma exibição especial de Todo Mundo Odeia o Chris. Mas, quando Miss Cris viu que seu xodó, a série A Bíblia, que nada mais é que um emaranhado de tramas bíblicas condensado num mesmo espaço, não teria exibições programadas para 24 e 31 de dezembro, já deu ADP. Por isso, Miss Cris mandou que A Bíblia fosse exibida nos dias supracitados.

O que se prevê para 2022, portanto, não é nada animador. Reis, a novela, ou melhor, mais uma passagem da Bíblia que será deturpada por Miss Cris, é a mais nova arma de catequização iurdiana, a começar em fevereiro. Power Couple e A Fazenda também terão novas temporadas, ambas provavelmente capitaneadas por Galisteu. E o restante da grade continuará tendo intervenção direta de Miss Cris, a Patrícia Abravanel da Igreja Universal.

Globo: um 2021 pra esquecer de vez

E pensar que 75% das notícias mais cabulosas do 2021 televisivo só poderiam ter vindo da Vênus Platinada, mais uma vez capitalizando as atenções populares. É sabido que a audiência não tá mais daqueeele jeito, mas a repercussão da Globo na Internet é 726% maior que a das outras emissoras somadas. Principalmente no Twitter, uma rede social que consegue ser mais tóxica que o Instagram e o Facebook... somados.

Os bastidores, porém, pegaram mais fogo do que a programação em si. E tudo por culpa de dois homens: Fausto Silva e João Roberto Marinho. Ora, o João, que é cavaleiro por essência, não conseguiu galopar até agora pra escapar de um processo relativo à uma construção irregular em Angra, processo esse impetrado pelo MPF. E é ele quem, junto com o irmão, Paulo, tocará o Grupo Globo.

Já o Faustão, meus amigos... provocou a maior reviravolta na grade da Globo, dessas de fazer o Silvio sentir saudades do tempo em que ele mandava e desmandava no SBT. Por não querer ser remanejado pra segunda linha de shows às quintas-feiras, resolveu pedir o chapéu. Em abril, estoura a bomba: Faustão assinou com a Band. A Globo não queria se sentir como uma sala de espera pro Faustão e, quando ele precisou se ausentar por conta de uma infecção urinária, o mandaram de graça pra Band. O ruim para a fanbase do mesmo é esperar até 1º de janeiro para vê-lo na Band.

Com a ausência de Faustão, o quebra-galho da vez foi Tiago Leifert, que apresentou o último Domingão do Faustão da história, conseguiu o feito de ser o primeiro apresentador da Dança dos Famosos agora transformada em programa solo e, pasmem, ganhou ainda mais respeito do público. Quem não ficou nada satisfeito foi Luciano Huck, que decidiu declinar de uma possível pré-candidatura ao Planalto para o ano que vem e começou a formatar o que seria seu programa dominical.

Aliás, Leifert provou ter mais carisma do que Huck quando, sentindo estafa, decidiu sair da Globo. E saiu por cima. As provas contra Huck continuaram aparecendo quando, depois de um Brasil x Argentina que não houve e da milésima reprise do "Círculo de Fogo", estreou o famigerado Domingão Com Huck. E só pioraram quando Mion chegou à Globo, assumindo o Caldeirão e o posto de "garoto carismático" do fim de semana, vacante após a saída de Leifert.

Para 2022, se prevê que Pantanal fará mais sucesso que as tramas da Record e da Globo juntas, mas disputará em pé de igualdade com Faustão, agora seu concorrente.

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Pra retrospectiva não ficar maior, há várias outras pautas que ficaram de fora. Mas estas vocês podem muito bem pesquisar no Google. No mais, é só isso. Em 1º de janeiro do ano novo, o blog fará o último post correspondente ao ano velho: o resumão da 3ª edição do Troféu Caco de Vidro (votações até dia 30 de dezembro). E, se não houver nenhum outro fato relevante que não a estreia de Faustão na Band, em fevereiro voltamos com tudo.

Por isso, muito obrigado por fazerem bombar este blog. Espero vocês em 2022!