O SBT FALIU [20º Capítulo - ESPECIAL]

Ih! Olha só! Quem achou que acabou enganou-se. Hoje, para surpresa do público e bem na hora que mais uma reprise do véio Silvio está no ar, levamos até vocês mais um capítulo da novela-reality...

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Nota do editor-chefe: roteiros de Êgon Bonfim, com colaboração do próprio editor-chefe.

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Pra quem gosta de capítulos bombásticos, temos aqui a Lista Negra dos "Traidores" de Silvio Santos! Sim, meus amigos. Por trás do sorriso enganador do sujeito que se acha um semideus, há uma cabeça que não tem juízo algum. E esta novela-reality já atestou e deu fé em diversos capítulos.

Vamos deixar as coisas claras: não basta só reabrir o núcleo de esportes, é preciso também mexer na programação. Mexer pra valer. A recente compra dos direitos de transmissão da Libertadores em TV aberta é a prova concreta de que o entusiasmo de um setor pode levar ao descuido de um outro [muito mais complexo] e o Sistema precisa tomar muito cuidado.

Afinal, é bom lembrar que o SBT está prestes a completar 40 anos e à beira daquilo que podemos chamar de "maturidade administrativa", todavia, ainda continua refém daquilo que age e pensa o seu mentor "intelectual", ou melhor dizendo, o Patrão Superstar, sobretudo no que diz respeito a artistas que já "trabalharam pra ele" e que hoje ou estão afastados ou estão brilhando em outros prefixos.

Pois bem, este capítulo é especial porque, como vocês já viram acima, nós iremos abordar o caso dos chamados "traidores", tão sonoramente endossados e defendidos pelo seu fã-clube barulhento [e um pouco chato, às vezes]. Uma espécie de "lista negra" em forma de top 10 daqueles que, segundo a mente limitada de alguns SBTistas insuportáveis das redes sociais que adoram misturar as coisas, e que deveriam trabalhar até hoje (e pra sempre) pra Silvio Santos como forma de "gratidão" (ou seria servidão?). Pisou, ficou. Quem mudar de canal é um traidor e um mal-agradecido.

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Aliás, essa lista é até maior, mas tivemos que cortar alguns nomes na ilha de edição pra não deixar o capítulo mais longo do que já está.

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Vamos aos 10 traidores selecionados.

Jô Soares: Recebido com pompas e fogos de artifício por protagonizar a negociação mais cara da TV (superado pouco depois por Gugu Liberato), o então comediante pôde realizar no SBT um velho sonho de ter um talk-show só seu. O sucesso foi avassalador, permanecendo 11 anos no ar e mantendo o SBT na vice-liderança de audiência. Repentinamente, em maio de 99, todos foram pegos de surpresa com o anúncio do retorno do Gordo à Globo. Segundo ele próprio relatou "não por dinheiro, mas por crescimento profissional". E principalmente porque Boni, que não queria de maneira nenhuma que ele tivesse um talk-show na Globo, a princípio, já havia saído da Vênus Platinada. Só que a "traição" ao lugar-tenente da Anhanguera teve seu preço: Silvio mandou riscar a categoria de "Melhor Programa de Entrevistas" na edição do Troféu Imprensa dos melhores de 99, a única categoria em que fazia um programa do SBT ganhar "sua" estatueta. Depois de seu retiro temporário da Globo, não temos muitas notícias a respeito do Gordo.

Boris Casoy: Sinônimo de credibilidade, ele era praticamente o jornalismo do SBT. Imaginem: todo um setor da emissora sendo representado por Casoy dentro e fora das câmeras. Mas sua saída (e transferência para a Rede Record na sequência) foi causada por uma tentativa do próprio Silvio Santos em mudar o perfil do TJ Brasil, aproveitando-se do fim do Aqui Agora. A sugestão era trocar a cobertura política pelas reportagens policiais e que a edição de sábado fosse comandada por Eliakim Araújo e Leila Cordeiro. Casoy recusou e considerou "estranho" o casal 20 se integrando a sua equipe. Depois que Casoy saiu, o Aqui Agora acabou voltando à grade com Ney Gonçalves Dias (com uma audiência não tão boa), enquanto o TJ Brasil ficava nas mãos de Hermano Henning (idem). Pra culminar, o TJ foi trocado pelo Jornal da Manchete na categoria de "Melhor Telejornal" do Troféu Imprensa dos melhores de 97. Hoje, Casoy é da RedeTV, embora não esteja apresentando o RedeTV News por fazer parte do grupo de risco da COVID.

Serginho Groisman: Ele estava indo bem com o seu Programa Livre nas tardes da emissora (após sobreviver a cerca de 30 trocas de horário). Isso despertou o interesse global. Com contrato assinado e sua transferência garantida, fez seu programa de despedida do SBT estranhamente numa terça-feira, 31 de agosto de 1999, bem no limite do prazo final de sua permanência na emissora. O correto seria numa sexta, mas fazer o quê? Sua saída é a prova de que o programa deveria ter "morrido" junto com ele, isto é, sair do ar com a saída dele; afinal de contas, ele não teve culpa em não ter renovado. Mas Silvio não perdoou e fez com ele o mesmo com o Jô no Troféu Imprensa nos melhores de 99, riscando a categoria de "Melhor Programa de Entrevistas" (embora o Programa Livre não fosse apenas de entrevistas, mas vai-se entender a cabeça do véio, né?) Este ano é o 20º de Serginho comandando o Altas Horas na Globo. A pandemia ajudou muito e o formato novo (e provisório, frise-se) deu uma respirada no formato que já estava desgastado.

Marília Gabriela: Excelente jornalista e entrevistadora, Gabi permaneceu no SBT por muitos anos somando suas três passagens pela Anhanguera, isto é, ela tem história por lá. Porém, ela mal entrou em seu 3º ciclo pela emissora e Silvio descobriu que ela estava atuando em outras duas emissoras ao mesmo tempo: TV Cultura (Roda Viva) e GNT (Marília Gabriela Entrevista). Em seu programa, Silvio fez uma piada indelicada de sua funcionária (alegando suposta "traição") e zombou das duas emissoras com se ele julgasse sua estação a melhor de todas e que pagava "melhores salários". O fã-clube do Silvio, como sempre, levou a sério a piadoca, endossou suas palavras e, após o De Frente com Gabi sair do ar (pela 3ª vez), a apresentadora tornou-se mais uma a ser rotulada de "traição". Não temos notícias do paradeiro de Gabi. Pelo menos não na TV aberta.

Adriane Galisteu: O SBT conseguiu arruinar a carreira da "meia-viúva do Senna". Ela é uma ótima apresentadora, estava indo tão bem na Record que merecia ter ficado mais um pouquinho por lá. Só que, seduzida pelo "Baú da Felicidade", fez que seu estilo de programa adotasse o Padrão SBT de Qualidade, mudando formatos e vivendo entre tapas e beijos com o dito cujo marcaram sua passagem frustrante na emissora. Ela mal assinou contrato e ficou umas cinco horas ao vivo direto comandando o Teleton 2004, suspendendo a exibição de um jogo beneficente. Pois é... depois disso ela jamais conseguiu emplacar outros projetos e falsos-fãs passaram a chamá-la de "traidora" pelas costas. Hoje ela tá com canal no YouTube. Quem quiser dar uma conferida, é só pesquisar o nome dela.

Ana Paula Padrão: Ela praticamente reativou o jornalismo do SBT e acabou se dando bem. Por pouco tempo. Como ela veio numa época em que o SBT media o sucesso das coisas através da medição mal-feita e ultrapassada do IBOPE, ela foi vítima da "grade flutuante", tão comum naquela época. Mas chiou tanto nos bastidores com as mudanças de horário que acabou sendo "ignorada", levando o SBT a contratar seu rival em audiência: Carlos Nascimento (hoje muito mal-aproveitado). Resultado: o SBT Brasil mudou de formato colocando justamente o Nascimento na bancada e Ana Paula foi relegada a um jornalístico de pouca repercussão, o SBT Realidade, feito em conjunto com sua produtora, a Padrão Mundell. Sem que ninguém notasse, o programa saiu do ar e ela foi embora pela porta dos fundos dois anos depois de ser recebida com flores pelos mesmos que a rotulam hoje de "traidora". Felizmente a Band abrigou-a, mas está a tratando do mesmo jeito que Silvio, relegando-a ao Masterchef ao invés de dar um programa próprio a ela.

César Filho: Um artista completo, ator, apresentador e até faz locução comercial. Não tinha porque o SBT deixar perdê-lo e desperdiçá-lo. Bastou ele comandar o Ver Pra Crer para ele conquistar um lugar definitivo no telejornalismo da emissora, a ponto de apresentar o SBT Repórter e o SBT Brasil, sendo ainda mais querido do que ele já era, até então sumido da telinha e com pequenas participações aqui e ali. Com tantas e corriqueiras mudanças no jornalismo SBTista, César foi jogado para apresentar o Notícias da Manhã, deixando-o muito insatisfeito, apesar da boa audiência que ele trazia para a emissora. Mas ao receber proposta da Rede Record, ele não titubeou e se mudou pra lá, a ponto de se despedir do SBT sob lágrimas em pleno Teleton. Bastou pôr o pé do portão pra fora da Via Anhanguera pra ser mais um a ganhar o malfadado rótulo de "traidor".

Jean Paulo Campos: Como pode uma criança de quase 10 anos de idade ser acusada de "traição"? Isso aconteceu mesmo! Após o sucesso arrebatador de Carrossel, o intérprete de Cirilo e seus colegas ganharam um spin-off de vida curta, Patrulha Salvadora. Com a audiência patinando, ele foi seduzido pelo caminhão de dinheiro de dízimo da Rede Record e mudou de emissora num piscar de olhos. Essa foi a versão dos SBTistas. A verdade é que os pais do então ator-mirim foram forçados a fazer o filho a mudar de canal. Mas dias depois, a cúpula SBTista soube do fato e tratou de trazê-lo de volta, enquanto que o fã-clube das redes sociais já o rotulavam. E quando foi receber o Troféu Imprensa de Revelação de 2012, Silvio, que é chegado numa fofoca, fez a alegria de seus súditos da mídia: Jean mal entrou no palco e foi chamado de "traidor". E o rótulo voltou recentemente, sendo contratado de fato para integrar o elenco de novelas da "emissora de placa de igreja".

Rachel Sheherazade: Sua contratação foi o maior erro do SBT só por causa de um vídeo viral em que ela vociferava contra o carnaval brasileiro. Ao assumir a bancada do SBT Brasil com status de estrela, ela exagerou na independência editorial, xingando a mãe de políticos e ofendendo a honra de deputados, ministros e da então presidente Dilma, embora jamais tenha ganho um Troféu Imprensa de "Melhor Apresentadora de Telejornal" como seu Patrão tanto desejava. Mas uma crítica indevida em que ela diz "Adote um Bandido" foi suficiente para que seus comentários fossem cortados e submetesse ao Padrão SBT de Qualidade, muito sorriso e pouca opinião. Já não era mais a mesma coisa e o último capítulo dessa "trama" foi sua recente dispensa, comprovando a teoria da "maldição dos 9 anos" do jornalismo SBTista. Aqueles que a trataram ontem como "heroína da notícia" são os mesmos que hoje a acusam de "traição".

Sérgio Mallandro: Ele "inaugurou" o SBT, tem história de sobra, foi jurado e apresentador e muitos "SBTistas do bem" desejam um dia que ele volte, até porque ele tem a cara da emissora. Mas sua "traição" tem motivos estapafúrdios e incrivelmente endossados pelo fã-clube de Silvio Santos. Repararam que o canal #tbtSBT não exibe um trechinho sequer do Show de Calouros dos anos 80? Por zoar tanto com seu Patrãozinho com piadas picantes e fotomontagens, o fato é visto como um sacrilégio para o fã-clube da emissora. Isso significa que ele jamais torne a pisar no SBT nem que seja para fazer participação de algum programa. Não custa lembrar que, como foi relatado capítulos atrás desta novela-reality, até o próprio Silvio se irritou de verdade com o Mallandro quando foi imitado não só pelo que faz no palco, mas nos bastidores dos negócios.

Nessa lista se poderia adicionar outros nomes, como o de Angélica, Silvio Luiz e o de Gugu Liberato. Mas nesse caso, Gugu é hors-concours e aqui não seremos redundantes em ficar repetindo aquela mesma história do ódio pelo qual foi alvo por uma década, culminou com aquele estúpido (e trágico) acidente doméstico. Os outros dois citados tivemos que descartar: um pela idade avançada (embora muito ativo no Twitter) e a outra... bem, a outra por ter vivido uma "encruzilhada" na carreira quando se mudou em definitivo para a Globo, em 1996.

Mas é isso: se você que é artista ou jornalista e está trabalhando no SBT, muito cuidado, se hoje te tratam como "ídolo da vez" (tipo torcida de time de futebol que comemora contratação de jogador como se tivesse ganho um campeonato), amanhã você pode ser apunhalado com porrete de espinhos por "trair a confiança" de Silvio Santos.