Uma salva de palmas para... Francisco Cuoco

Hoje, iniciamos uma nova série, homenageando àqueles que nos deixaram. E começamos em lágrimas nos despedindo do eterno galã das multidões


Uma das figuras mais imponentes da TV brasileira perdeu, no dia 19 de junho de 2025, aos 91 anos, a luta contra infecções decorrentes de um ferimento. A causa de seu passamento não foi informada pelos familiares que, porém, confirmaram seu passamento. Por isso, o episódio inaugural desta série é uma homenagem a Francisco Cuoco. E como este blog trata especificamente sobre TV aberta, vamos nos concentrar em seus trabalhos mais importantes neste ramo.

Paulista da capital, começou no teatro em 1958, enquanto, quase que simultaneamente, participava dos teleteatros da TV Tupi, ingressando depois na TV Rio. Mas foi participando de novelas que ele se tornou um dos astros mais visados da televisão. Seu primeiro protagonista de sucesso foi o Dr. Fernando Silveira, em Redenção, de Raimundo Lopes, a novela mais longa da TV brasileira e, por tabela, da extinta Rede Excelsior, que durou entre 1966 e 1968, tamanho o êxito.

Após Legião dos Esquecidos (1968), também de Raimundo Lopes, onde viveu o garimpeiro Felipe, e a exitosa Sangue do Meu Sangue (1969), de Vicente Sesso, onde interpretou pai e filho ao mesmo tempo, Cuoco foi contratado a peso de ouro pela Rede Globo, estreando na faixa das 22h em Assim na Terra como no Céu (1970), de Dias Gomes, na pele do padre Vitor Mariano, que decide largar a batina pra se casar. Ainda na faixa das 22h, ele interpretou o novo-rico Gilberto Athayde em O Cafona (1971), de Bráulio Pedroso, que se dividia entre duas pretendentes enquanto sua secretária era apaixonada por ele e ele nem via.

Mas foi pelas mãos de Janete Clair que Cuoco viveu três de seus maiores personagens enquanto esteve como um dos galãs mais cobiçados da TV nacional. Em Selva de Pedra (1972), ele encarnou Cristiano Vilhena, que, a princípio, tenta provar sua inocência, a princípio, em um crime que não cometeu e, depois, em um plano forjado por um de seus rivais que faz com que sua esposa acredite que ele, Cristiano, iria matá-la (óbvio que é um pouco mais complexo que isso, mas não quero me alongar em um único personagem).

Em Pecado Capital (1975-76), novela escrita por Janete a toque de caixa, Cuoco interpretou Carlão, um taxista que encontra uma mala cheia de dinheiro abandonada por assaltantes e se divide entre entregar a mala à Polícia ou gastar a grana para resolver seus problemas pessoais. Já em O Astro (1977-78), ele viveu o trambiqueiro Herculano Quintanilha, que foi traído por um colega de trapaças, fugiu pro Rio pra evitar ser linchado e se tornou uma espécie de místico que acabou se infiltrando, de certa forma, na família Hayalla, cujo patriarca, Salomão, foi assassinado na oitava semana da história.

Cuoco esteve ligado a Janete Clair também nas duas últimas novelas escritas pela autora: Sétimo Sentido (1982), onde interpretou Tião Bento, e Eu Prometo (1983), na qual foi Lucas Cantomaia, um homem dividido entre o mundo da política e o amor proibido, pois era casado.

Após esta novela, passaram-se quatro anos para Cuoco voltar a uma trama das oito, e, de quebra, na pele de seus últimos protagonistas: Paulo Della Santa e Denizard, ambos em O Outro (1987), de Aguinaldo Silva. Num lance tipo A Usurpadora, ambos trocam de identidade após a explosão de um posto de gasolina e o dono do ferro velho passa a viver a vida do rico empresário.

A sua carreira televisiva seguiu com vários grandes personagens, tais como o deputado Severo Toledo Blanco de O Salvador da Pátria (1989), de Lauro César Muniz e o empresário Otto Bismark, de Deus Nos Acuda (1992). Em 1998, quando Glória Perez foi incumbida de escrever o desafortunado remake de Pecado Capital, Cuoco interpretou Salviano Lisboa, papel que fora de Lima Duarte na primeira versão. Seu último grande personagem foi o empresário Omar Pasquim, em Cobras & Lagartos (2006), de João Emanuel Carneiro.

A partir daí, suas participações em novelas foram rareando, e ele atuou mais em seriados e minisséries. A sua última aparição foi recente, há duas semanas, num episódio da série Tributo, onde, assim como este despretensioso blog, fizeram uma retrospectiva considerável de sua carreira longeva, que terminou hoje.

Ficam aqui nossas sinceras condolências aos familiares, aos amigos e, principalmente, aos fãs e admiradores deste inesquecível ator. Uma salva de palmas para Francisco Cuoco.

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