Mion fora da Record é um péssimo presságio para a própria Record

Não é preciso ser adivinho pra saber o que acontece quando o ego intransigente de Rodrigo Carelli, diretor-geral do reality A Fazenda, é ferido. Afinal de contas, Britto Jr. já rodou por conta disso e foi substituído pelo Robótico Justus. Agora, foi a vez de Marcos Mion.

Segundo o portal Notícias da TV, do célebre Daniel Castro, que escreveu a matéria sobre o motivo da demissão de Mion com colaboração de Odara Gallo, "(...) a cúpula da Record entendeu com um recado velado de que Mion já negocia com a Globo (que tem interesse sim, tanto que atrapalhou a última renovação). Os bispos decidiram, então, antecipar o fim do contrato com o apresentador, que iria até dezembro, para que ele não fosse para sua principal concorrente "em alta", logo após o fim de mais uma Fazenda. Mion também irritou os diretores do programa e foi acusado internamente de não respeitar regras, reclamar demais e se achar dono do reality de maior sucesso da casa".

Onde lê-se "diretores do programa", leia-se Rodrigo Carelli. Como a cúpula da IURD congratula com louvor (sem trocadilho) os feitos do já mencionado diretor na 12ª edição da famigerada Fazenda e ignora os 12 anos de bons serviços prestados por Mion, não é difícil prever aonde vai parar o apresentador. Afinal, Faustão tomou a decisão de não continuar na Globo depois de 32 anos, 20 a menos que Mion na Record. Trocando em miúdos, Mion pode ser a alternativa viável para os sábados ou os domingos da Globo.

É nesse ponto que, infelizmente, eu tenho que discordar do meu incrível amigo e colega Êgon Bonfim, que citou no artigo passado que as duas únicas soluções para os domingos seriam Xuxa e Tiago Leifert. Primeiro que, embora sua muito reduzida fanbase insiste que ela deve voltar pra Globo, a ex-Rainha (obrigado, Sikêra Jr.) dos Baixinhos não teria um apoio maciço para fazer um programa do seu jeito, vide que agora Ricardo Waddington assumiu a superintendência geral da Globo, que estava em mãos de Carlos Schroeder. Ou seja, se ela apresentar um projeto com a cara dela, do jeito dela, vai demorar muito pra sair do papel.

Segundo que Leifert só está na Globo ainda porque os realities que ele apresenta ainda estão sob o comando de Boninho, que parece confiar muito nele... ainda. Sua imagem se desgastou demais na Globo, afinal apresentar dois realities num só ano e ainda se dar ao luxo de se achar dono dos realities de maior sucesso da casa, jogando isso na cara de quem o segue nas redes sociais, não deve ser lá muito apreciável para quem assiste de fora.

Por isso, a saída abrupta de Marcos Mion da Record lança ao mercado dos leões um animador pronto, com bagagem de sobra de um adulto responsável e linguagem jovem. Pode não conquistar a dona de casa mais conservadora, mas, em se tratando de carisma e responsabilidade, Mion tem tudo pra dar certo na Globo.

Por outro lado, a Record entrega-se de vez ao diabo que eles tanto dizem combater. Tomemos como exemplo Gênesis, a única novela inédita da televisão brasileira (acreditem se quiserem), que não tem cacife pra bater Os Dez Mandamentos. Primeiro porque não encontrei na Bíblia nenhuma cifra das músicas cantadas pelo elenco da novela. E segundo porque não se podem transformar fatos verídicos, documentados e inspirados por Deus em um musical da Broadway de uma hora pra outra.

A cúpula, liderada pelo casal blindado (Bispo Renato e Cristiane Cardoso), se blinda com espíritos do mal para manter de pé a Globofobia. Tal casal (assim como a cúpula da IURD) representa muito bem um filme traduzido como "O Inimigo Dentro de Nós". Infelizmente, não há o que discutir. Os bispos estão expulsando a si próprios dos corpos dos ingênuos fieis. E se alguém tem a perder com a ida de Mion, esse alguém é a Record.