O que pinta de velho, pinta na tela da Globo
Nada pode justificar o que a Globo fez, está fazendo e vai fazer antes de acabar 2025
2025 foi o ano em que a Rede Globo completou 60 anos. Todavia, a concorrência com as mídias digitais foi um grave problema. Parece que, desde 1990, algum ano de aniversário cuja numeração termine em 0 ou 5 vai ser difícil pra Vênus Platinada. Sim, porque:
- no ano 25 (1990), a Globo se incomodou com Pantanal no horário nobre (incomodou ao ponto de produzirem um remake da história em 2022);
- no ano 30 (1995), a Globo se incomodou com o fato do remake de Irmãos Coragem não ter pego no tranco e diminuído a audiência herdada de Tropicaliente;
- no ano 35 (2000), a Globo se incomodou com os filmes do Cine Espetacular, do SBT, lhe tirando pontos preciosos e com o Vale a Pena Ver de Novo passando por uma crise braba de audiência;
- no ano 40 (2005), a Globo se incomodou com Prova de Amor, da Record, arrebentando na faixa das sete;
- no ano 45 (2010), a Globo se incomodou com o PT alegando que o numeral fazia uma alusão ao PSDB (vide que 2010 era ano eleitoral);
- no ano 50 (2015), a Globo se incomodou com Os Dez Mandamentos (a maior audiência da teledramaturgia da Record desde… Prova de Amor);
- no ano 55 (2020), a Globo se incomodou com a pandemia, sendo que não foi a única a parar as suas produções, mas, mesmo assim, algumas reprises não deram certo.
E agora, no ano 60, a Globo, sob a gestão Amauri Soares, cometeu uma série de erros que podem fazer com que 2025 seja mais um ano pra ser esquecido no antigo Projac. Primeiro, aprovou a produção do refake de Vale Tudo (sim, refake, que é uma cópia mal-feita e totalmente modificada de uma novela antiga), que, sob a chefia de Manuela Dias, se transformou na mais mal falada novela do ano. Conseguiram até que muitos esquecessem que A Caverna Encantada, novela que fechou de novo o setor de teledramaturgia do SBT, terminou, finalmente, em setembro. Depois, trouxe de volta o icônico Candinho (Sérgio Guizé) pra sofrer um pouco mais, agora em Êta Mundo Melhor!, que aumentou o sofrimento de Êta Mundo Bom! em 200%. Como se isso não bastasse, Mauro Wilson, que assumiu os textos da história criada por Walcyr Carrasco, decidiu simplesmente matar o Candinho.
Depois, partiu com tudo pra cima da CazéTV, inaugurando a geTV. Está dando certo, mas acredito que somente os jogos mais importantes dos torneios que transmitir chamarão a atenção dos digiespectadores (ou espectadores digitais, como queiram). Comparem a transmissão da final da Libertadores desse ano (20 milhões de visualizações) com quaisquer outros torneios que não relacionados ao futebol. Aliás, de todas as transmissões de jogos da geTV, as 5 mais vistas são do Flamengo. E outra: de nada adianta ter um narrador excelente como o Jorge Iggor se, na equipe, tiver um protótipo de humorista como o Fred Bruno. Sem graça, sem carisma e com aspirações a comediante, o apresentador/influencer força demais a barra.
E a mais recente é que, sem criatividade nenhuma mas com dinheiro a dar com pau, a emissora terá como únicos especiais 100% inéditos, acreditem, o especial do “Rei” Roberto Carlos e o Show da Virada. Vejam só a bagunça: na quinta-feira 11, haverá a reprise do especial Novela Em Sinfonia; no dia 16, vão reprisar (sim, /reprisar) um show de Caetano e Maria Bethânia que o Multishow e o BIS já haviam exibido; dez dias depois, vão re-reprisar o Show dos 60 Anos, que já havia sido reprisado em maio, no horário da Sessão da Tarde.
Só que dessa vez, não há como culpar o conformismo e a inércia da concorrência. Isso porque até o SBT, que não tinha lá tanta tradição em grandes especiais, agora tá trazendo gente do calibre de Ana Castela, Maiara e Maraisa e Zezé di Camargo pra rechear sua grade de fim de ano. Ou seja, a depender de como as reprises vão se comportar, a Anhanguera tende a ganhar mais pontos que os habituais 2 a 3.
Já vi inúmeras pessoas dizendo que não assistem a Globo já há algum tempo. E sinceramente… não estão perdendo nada.
