O SBT FALIU [37º capítulo]: "O Plano Eliana"
E para quem achava que era o TVer Ou Não TVer que havia falido, engana-se! Para surpresa de zero pessoas, está de volta a sua novela-reality...
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Roteiro de Êgon Bonfim, com colaboração e redação final do editor-chefe
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Um ano é dividido em dois semestres, um bem diferente do outro. E pra quem ainda perde tempo assistindo TV aberta, cujo ramo é a especialidade deste despretensioso blog, deve reparar a diferença gritante que há entre o 1º e o 2º semestres.
Nessa transição que, assim como alguns fenômenos climáticos, acontece entre o fim de junho e o início de julho, isso ficou tão claro como água de rio conservado e só é comparável aos semestres de 1998 e de 2009. Porém (e sempre tem um porém), a nerdolândia de plantão, que por teimosia não sabe o que é streaming e nem TV por assinatura, trata esse negócio de transferência de emissora como a coisa mais espetaculosa da face da Terra, principalmente se o protagonista for um(a) apresentador(a) de "programa de auditório".
Numa época em que o Plano Real completa 30 anos de existência, descobrimos (e absolutamente ninguém notou à respeito) que, nos bastidores da TV, existe uma moeda ainda mais forte que o real, o dólar e o euro juntos, capaz de fazer um artista ou profissional qualquer, cuja imagem é marcado por anos no prefixo B, romper as fronteiras e rumar ao prefixo A, desde que um desses prefixos esteja disposto a exercer o direito de valer seu direito ao "troco de vingança". Nós, que não somos nenhum FHC, batizamos este plano econômico como Plano Eliana.
Se analisarmos com frieza a história da TV brasileira, basicamente nenhum(a) outro(a) artista ou profissional foi usado(a) como moeda de troca nos bastidores de um veículo prestes a morrer quando se trata de transferência de emissora. Só que, como você que acompanha este espaço já deve imaginar, o maldito "fã-clube de fofoqueiros" (e põe maldito nisso) fica em polvorosa quando aborda esse assunto em gênero, número e grau, desde que envolva um certo canal de TV. E a apresentadora supracitada é a mais viva prova dessa forma absurda de mercantilismo televisivo. Pra isso, vamos viajar um pouco no tempo.
Em 1998, o SBT (ou melhor, o Silvio Santos) conseguiu o impossível após um ano de tentativas: contratar Carlos Roberto Massa, o Ratinho, que, à época, já era considerado um superstar. E tudo isso com direito a 67% de desconto no valor da multa rescisória. A sua saída da Record foi conturbada de tal forma que os bispos, cuja péssima reputação vocês também conhecem, trataram de armar uma vingança, como que uma novela mexicana: tirar alguém do Sistema para integrar seu cast IURDístico, como se dissessem na cara do lugar-tenente da Anhanguera: "estamos quites". E esse alguém foi justamente a Eliana, então uma apresentadora bem-sucedida de programa infantil.
11 anos passados, o terreiro da Barra Funda conseguiu, após "10 anos de namoro", tirar Gugu Liberato do CDT da Anhanguera. É bom lembrar que ele estava enfrentando um fardo em carregar 6 anos de ostracismo desde aquele infeliz episódio do Caso PCC, sendo escanteado dentro da própria emissora. Mas, como a força-motriz do véio Silvio não vive sem um reles supérfluo, tratou de tirar alguém da Record "a troco de vingança", como foi comentado na época. E esse alguém foi novamente a Eliana, agora comandando um programa de variedades aos domingos.
E agora em 2024, surgiu um vídeo no YouTube mostrando que o SBT foi, sem sombra de dúvidas, o maior erro empresarial de todos os tempos, tendo inclusive a façanha de chegar ao traço, zerar seu IBOPE, ou em bom português, ir pro vinagre, transparecendo a infeliz mania de ter virado um "depósito de artistas". Não pode surgir um sucesso da moda pro SS (ou uma de suas filhas) sacar seu talão de cheque e transformar o artista em questão em "ídolo da vez", ser um "protegido" e "animar auditório" (termo mais velho que "telefone fixo"). É só lembrarmos da Carla Perez, do Supla, do Tiririca... Sejamos sinceros: de ter desvalorizado a Eliana em 15 anos de domingueira televisiva, ela não aguentou mais, chutou o balde, não quis renovar seus compromissos e disse "chega", rompendo a tão defendida "fidelidade" por esses "SBTistas das redes sociais".
Pra variar, a ida de Eliana pra Globo pode motivar o SBT a exercer o tal "troco de vingança" em tirar um artista de lá e dizer "estamos quites", contando com a cumplicidade do "fã-clube de fofoqueiros" que pode ser uma Sônia Abrão, um Nelson Rubens ou um Flávio Ricco, um "mitomaníaco SBTista" capaz de convencer seu filho a pedir divórcio da dita cuja como prova de sua adoração pelos Abravanel (isso seria o cúmulo do cúmulo do cúmulo), como se a emissora continuasse se comportando até hoje feito uma criança birrenta, que se acha a primeira bolacha do pacote. Comportamento esse que pode ser perfeitamente incorporado pelo Ratinho, que já fez isso localmente utilizando-se da Rede Massa pra tirar Sandro Dalpícolo e Fernando Parracho da RPC, afiliada da Globo no Paraná.
Quem acompanha esta novela-reality desde a sua irrelevante estreia conhece a política do "Papai Pão-Duro" (personagem que o Silvio incorpora, inspirado no Papai Papudo do Bozo, só que mais sovina), capaz de cancelar a produção de uma novela ou desistir dos sonhos em contratar um artista ou profissional relevante. Ratinho, mesmo sendo dono de uma rede com 5 emissoras, não é adepto a isso, pois, se por um lado é taxado de "mercenário" pelos mercenários da Universal, por outro lado sabe gastar seus "cascalhos". E, com sua experiência de 16 anos administrando a Rede Massa, poderia perfeitamente pegar os Abravanel de supresa em contratar o Roberto Carlos, até porque sua multa rescisória não é lá tão exorbitante quanto a de um Luciano Huck da vida.
Agora chegamos à explicação básica de como funciona o Plano Eliana, pra vocês verem o quanto vale um artista na hora de se sentar na mesa de negociação. Reparem como a nossa pobre TV aberta ainda está estacionada nos anos 90, como se ainda tratasse os velhos programas de auditório, com formatos tão envelhecidos quanto repetitivos, que desvaloriza os filões mais importantes da telinha nacional. Vamos medir o grau de interesse com a moeda de troca que aqui adotamos pelo simbólico nome de "Eliana".
- 10 Elianas - ator ou atriz de novela
- 20 Elianas - âncora de telejornal
- 30 Elianas - locutor esportivo (Cléber Machado, por exemplo)
- 40 Elianas - humorista ou comediante
- 50 Elianas - apresentador(a) de programa de auditório
- 100 Elianas - um cantor que só aparece uma vez por ano e que se assanha com o elenco feminino
Notaram como a ganância (seja lá qual for sua natureza) moldou nossa TV aberta e não há remédio que possa curá-la? Dá vontade de desistir. Nós, pobres telespectadores, temos que dizer "chega" e decretar logo nossa "Lei Áurea", nos libertando da escravidão da TV aberta. Não merecemos ser eternos espectadores de um autêntico show de horrores onde o empoderamento de bastidores é sempre levado em conta. Nós merecemos algo melhor.
E ainda tem muita gente acreditando numa regeneração de Silvio Santos, imaginando que ele voltará do nada pra comandar o domingo SBTista e dominar a TV brasileira pra sempre no alto de seus 93 anos. Vamos admitir juntos? Façamos uma força pra dizer: o Silvio Santos não volta nunca mais. O véio Não tem as mínimas condições de, por exemplo, jogar dinheiro e perguntar pro auditório "o que é uma picadura?". O obituário já está pronto, só falta a assinatura e o carimbo.
P. S.: Se alguém chamar a loirinha de "traidora", como fizeram com o coitado do Gugu... já sabem.
Melhor impossível! Como sempre, Gian, seu toque final é primoroso!
ResponderExcluirExplicando a expressão "Papai Pão Duro", eu me baseei numa marchinha de carnaval do próprio Silvio que se chama "Papai Pão Puro" (e merecia viralizar na internet). Se você procurá-lo na internet e prestar atenção na letra, pode notar que é a vida do "Patrão" ali retratada desde quando era camelô em que o pai dele deixou de herança tal estilo de vida muquirana (pra não chamá-lo de "mão-de-vaca" ou avarento).
Acabo de ouvir. E é exatamente isso que você disse! (kkkkkkkkkkkkkkkkkkk)
ExcluirGian, na minha opinião, vc deveria fazer mais uma novela-reality, só q com o título "A Globo esqueceu o que é TV aberta", na qual trataria sobre gente tipo Ana Maria Braga, Patrícia Poeta, Fátima Bernardes, Xuxa, Família Huck (tanto a Angélica, como o Luciano Huck), Maju Coutinho, entre outros q trabalham ou já trabalharam na TV Globo, programas tipo Globo Esporte, Fantástico, Jornal Nacional, entre outros q estão em exibição ou q já estão um tempão fora da grade da emissora da Família Marinho e também das afiliadas (tanto as atuais, como as ex-afiliadas).
ResponderExcluirTodas as emissoras esqueceram!
ExcluirVc se esqueceu do Faustão.
ExcluirVou pensar na possibilidade de abrir um "segundo horário de novelas".
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