O que foi, o que é e o que será da TV - Globo
Pois é, meus amigos. Como praticamente todos os portais de entretenimento fizeram ou estão fazendo a Retrospectiva 2016 da televisão brasileira, este ano resolvi fazer o contrário. Vou fazer um longo (mas bem longo) balanço, não somente do que já aconteceu no ano passado, mas também do que esperamos que aconteça ao longo de 2017 com o veículo de comunicação mais amado do país, a TV.
A Globo decidiu chutar mesmo o balde. Depois de tirar Dois Irmãos do fundão da gaveta, surpreender com a exibição do remake de Raízes e da continuação de Cidade dos Homens, agora traz uma faixa nobre totalmente diferente.
Embora o que venha a seguir não tenha nada a ver (Globo e você, nada a ver), o filme "O Carteiro e o Poeta" foi a inspiração de Carlos Schroeder para trocar o poeta inspirador em seus discursos (Pedro Bial) pelo carteiro curinga da casa (Tiago Leifert) no comando do BBB 17 (para quem não entendeu a sigla, lê-se Big Brother Brasil Dezessete). Aliás, Leifert foi um relâmpago que, por onde passou, chamou atenção. Do The Voice e do É de Casa no ano passado para o BBB e o Zero1. Esse Zero1 que também surpreendeu ao falar a língua internetesca e é provável que ganhe uma segunda temporada, no mesmo horário.
Outros programas que merecem uma nova temporada, pelo que apresentaram (e que analisei no ano passado), segundo consta, são: a Escolinha do Professor Raimundo, o seriado Mister Brau, o Tamanho Família e, já que não tem tu, o Zorra.
Bom, voltando à faixa nobre, que no momento está entrando no ar após o BBB: a Tela Quente permanece às segundas (desde meados de 1989); o Tá No Ar: a TV na TV segue seu caminho de triunfo às terças; o futebol continua às quartas; o Amor & Sexo (não sei o porquê) dessa vez se exibe às quintas; o seriado americano Lista Negra entra às sextas.
Agora, as novelas. O produto forte da emissora geralmente começa vitorioso e acaba mal. Em 2016, porém, o 1º semestre foi o mais aplaudido da emissora, o 2º, já nem tanto.
Primeiro, falemos do Vale a Pena Ver de Novo. Com o fim da reprise de Caminho das Índias, de Gloria Perez, o remake de Anjo Mau foi, por segunda vez, retirado do baú. E deu "tão certo", mas "tão certo", que resolveram reprisar Cheias de Charme. Tal e qual na exibição original, o sucesso foi imediato.
Mas, para adoecer a esperança de quem queria que a reprise substituta foi Avenida Brasil (assim como eu), Aguinaldo Silva, via Twitter, deu pistas de que a nova reprise seria a de Senhora do Destino. Não, nada contra Giovanni Improtta (que Deus o tenha), mas agora não é a hora de voltar com uma terceira Senhora.
A quem tem dinheiro, cabe um consolo: o box com DVD's dos capítulos de Avenida Brasil está à venda. A quem não tem dinheiro, só restou o "Novelão" do Vídeo Show.
Embora não seja considerada como novela (ainda que seja um produto teledramatúrgico), Malhação finalmente soube se reinventar, antes e depois das Olimpíadas. Na mão de um de seus mais famosos criadores, Emanuel Jacobina, a temporada 2016 de Malhação atirou por todos os lados, desde a fase sombria Seu Lugar No Mundo até à fase água-com-açúcar Pro Dia Nascer Feliz. O tiro só está sendo certeiro na 2ª etapa da novelinha. O que resta é saber se Cao Hamburger, responsável pela temporada de 2017, vai continuar na mesma linha de Jacobina ou vai transformar o seriado em um novo Castelo Rá-Tim-Bum.
A faixa das 18h teve um alto e (pelo menos até 22 de março) tem um baixo. O índice alto, mais alto, abençoado pelo Altíssimo, foi Êta Mundo Bom! Mais uma vez, Walcyr Carrasco provou que sabe fazer a pluma funcionar quando a faixa anda capengando. Não atoa, depois de Glória Perez e sua Força do Querer, Carrasco entra no lugar de Duca Rachid e Thelma Guedes, que ao terminarem sua parceria abriram uma vaga às 21h.
Já o índice baixo atende pelo nome de Sol Nascente: o título, que remete a um antigo filme de Wesley Snipes e Steven Seagal (1993, pra ser mais exato), o texto, que com certeza não vai ser responsabilidade de Walther Negrão (ele não escreve muito por não estar muito bem e baixando frequentemente no Hospital) e a estranheza de ver Luís Melo como japonês (tiraram um japonês legítimo da trama e colocaram um ator tarimbado que nada tem a ver com um japonês) acabaram por abaixar os 37 pontos de ÊMB para 21, 22 de média. Esperamos que Novo Mundo tenha melhor sorte.
Às 19h, trago como destaque positivo a reta final de Totalmente Demais (outro fenômeno) e o reboot de Sassaricando, Haja Coração. As duas lograram êxito e abriram cancha pra Rock Story entrar. Bem, voltando aos "nada contra", nada contra quem é fã (ou fanático, que é completamente diferente de fã) desta trama, mas a meu ver se durar até o fim de março já é um ganho.
Essa história de semestralidade às 19h começou com Geração Brasil: uma começa em maio e acaba em novembro; a sucessora desta uma começa em novembro e acaba em maio e por aí vai. Acho que estão querendo copiar a Guerra das teleséries do Chile. Mas pra quê, se a única concorrência às 19h30 é a da RecordTV (de quem falaremos mais tarde)?
Avançando o relógio, falemos sobre a crítica faixa das 21h. Primeiro, o final de A Regra do Jogo, uma novela muito boa (em termos técnicos); depois, Velho Chico, que deu muita audiência aos telejornais locais, nacionais e, porque não dizer, policiais (já que era só tragédia, vide o caso Montagner); agora, A Lei do Amor.
"Eu não entendo o ser humano", palavras do célebre humorista gaúcho Paulinho Mixaria, que se aplicam muito bem nesse caso. Outro célebre (sambista e, às vezes, humorista), Dicró, disse em uma de suas últimas aparições na TV, no Programa do Jô: "Eu sempre soube que o povo gosta é de desgraça mesmo".
Sim, claro. Isso explica porque Velho Chico foi tão cultuada (e arrebanhou prêmios que outras novelas de grosso calibre mereciam) e porque A Lei do Amor está sendo tão maltratada. Caso igual houve no México, em 2011. A Televisa pôs no ar Dos Hogares, de Emilio Larrosa, trazendo Anahí de volta às novelas. Assim como A Lei do Amor, o povo não embarcou, e quando estreou Abismo de Paixão (um remake de Canavial de Paixões), a novela foi um êxito. Aqui, em termos mexicanos, muda-se o sentido da frase de Dicró: "Siempre supe que a la gente le gusta los refritos" (lê-se: "Eu sempre soube que o povo gosta é de remake mesmo").
Ah, e Liberdade, Liberdade? E Justiça? Bem, embora eu tenha gostado também destas produções (apesar de não poder assisti-las, pois costumo acordar cedo para trabalhar), não é esse o foco. Espero que produções como essas duas se repitam este ano, pelo primor e pela qualidade que imprimiram em 2016.
Bem, e do Rio de Janeiro pegamos a Via Dutra para São Paulo, para falarmos das três grandes forças que tentam, cada uma à sua maneira, derrubar a Globo.
A Globo decidiu chutar mesmo o balde. Depois de tirar Dois Irmãos do fundão da gaveta, surpreender com a exibição do remake de Raízes e da continuação de Cidade dos Homens, agora traz uma faixa nobre totalmente diferente.
Embora o que venha a seguir não tenha nada a ver (Globo e você, nada a ver), o filme "O Carteiro e o Poeta" foi a inspiração de Carlos Schroeder para trocar o poeta inspirador em seus discursos (Pedro Bial) pelo carteiro curinga da casa (Tiago Leifert) no comando do BBB 17 (para quem não entendeu a sigla, lê-se Big Brother Brasil Dezessete). Aliás, Leifert foi um relâmpago que, por onde passou, chamou atenção. Do The Voice e do É de Casa no ano passado para o BBB e o Zero1. Esse Zero1 que também surpreendeu ao falar a língua internetesca e é provável que ganhe uma segunda temporada, no mesmo horário.
Outros programas que merecem uma nova temporada, pelo que apresentaram (e que analisei no ano passado), segundo consta, são: a Escolinha do Professor Raimundo, o seriado Mister Brau, o Tamanho Família e, já que não tem tu, o Zorra.
Bom, voltando à faixa nobre, que no momento está entrando no ar após o BBB: a Tela Quente permanece às segundas (desde meados de 1989); o Tá No Ar: a TV na TV segue seu caminho de triunfo às terças; o futebol continua às quartas; o Amor & Sexo (não sei o porquê) dessa vez se exibe às quintas; o seriado americano Lista Negra entra às sextas.
Agora, as novelas. O produto forte da emissora geralmente começa vitorioso e acaba mal. Em 2016, porém, o 1º semestre foi o mais aplaudido da emissora, o 2º, já nem tanto.
Primeiro, falemos do Vale a Pena Ver de Novo. Com o fim da reprise de Caminho das Índias, de Gloria Perez, o remake de Anjo Mau foi, por segunda vez, retirado do baú. E deu "tão certo", mas "tão certo", que resolveram reprisar Cheias de Charme. Tal e qual na exibição original, o sucesso foi imediato.
Mas, para adoecer a esperança de quem queria que a reprise substituta foi Avenida Brasil (assim como eu), Aguinaldo Silva, via Twitter, deu pistas de que a nova reprise seria a de Senhora do Destino. Não, nada contra Giovanni Improtta (que Deus o tenha), mas agora não é a hora de voltar com uma terceira Senhora.
A quem tem dinheiro, cabe um consolo: o box com DVD's dos capítulos de Avenida Brasil está à venda. A quem não tem dinheiro, só restou o "Novelão" do Vídeo Show.
Embora não seja considerada como novela (ainda que seja um produto teledramatúrgico), Malhação finalmente soube se reinventar, antes e depois das Olimpíadas. Na mão de um de seus mais famosos criadores, Emanuel Jacobina, a temporada 2016 de Malhação atirou por todos os lados, desde a fase sombria Seu Lugar No Mundo até à fase água-com-açúcar Pro Dia Nascer Feliz. O tiro só está sendo certeiro na 2ª etapa da novelinha. O que resta é saber se Cao Hamburger, responsável pela temporada de 2017, vai continuar na mesma linha de Jacobina ou vai transformar o seriado em um novo Castelo Rá-Tim-Bum.
A faixa das 18h teve um alto e (pelo menos até 22 de março) tem um baixo. O índice alto, mais alto, abençoado pelo Altíssimo, foi Êta Mundo Bom! Mais uma vez, Walcyr Carrasco provou que sabe fazer a pluma funcionar quando a faixa anda capengando. Não atoa, depois de Glória Perez e sua Força do Querer, Carrasco entra no lugar de Duca Rachid e Thelma Guedes, que ao terminarem sua parceria abriram uma vaga às 21h.
Já o índice baixo atende pelo nome de Sol Nascente: o título, que remete a um antigo filme de Wesley Snipes e Steven Seagal (1993, pra ser mais exato), o texto, que com certeza não vai ser responsabilidade de Walther Negrão (ele não escreve muito por não estar muito bem e baixando frequentemente no Hospital) e a estranheza de ver Luís Melo como japonês (tiraram um japonês legítimo da trama e colocaram um ator tarimbado que nada tem a ver com um japonês) acabaram por abaixar os 37 pontos de ÊMB para 21, 22 de média. Esperamos que Novo Mundo tenha melhor sorte.
Às 19h, trago como destaque positivo a reta final de Totalmente Demais (outro fenômeno) e o reboot de Sassaricando, Haja Coração. As duas lograram êxito e abriram cancha pra Rock Story entrar. Bem, voltando aos "nada contra", nada contra quem é fã (ou fanático, que é completamente diferente de fã) desta trama, mas a meu ver se durar até o fim de março já é um ganho.
Essa história de semestralidade às 19h começou com Geração Brasil: uma começa em maio e acaba em novembro; a sucessora desta uma começa em novembro e acaba em maio e por aí vai. Acho que estão querendo copiar a Guerra das teleséries do Chile. Mas pra quê, se a única concorrência às 19h30 é a da RecordTV (de quem falaremos mais tarde)?
Avançando o relógio, falemos sobre a crítica faixa das 21h. Primeiro, o final de A Regra do Jogo, uma novela muito boa (em termos técnicos); depois, Velho Chico, que deu muita audiência aos telejornais locais, nacionais e, porque não dizer, policiais (já que era só tragédia, vide o caso Montagner); agora, A Lei do Amor.
"Eu não entendo o ser humano", palavras do célebre humorista gaúcho Paulinho Mixaria, que se aplicam muito bem nesse caso. Outro célebre (sambista e, às vezes, humorista), Dicró, disse em uma de suas últimas aparições na TV, no Programa do Jô: "Eu sempre soube que o povo gosta é de desgraça mesmo".
Sim, claro. Isso explica porque Velho Chico foi tão cultuada (e arrebanhou prêmios que outras novelas de grosso calibre mereciam) e porque A Lei do Amor está sendo tão maltratada. Caso igual houve no México, em 2011. A Televisa pôs no ar Dos Hogares, de Emilio Larrosa, trazendo Anahí de volta às novelas. Assim como A Lei do Amor, o povo não embarcou, e quando estreou Abismo de Paixão (um remake de Canavial de Paixões), a novela foi um êxito. Aqui, em termos mexicanos, muda-se o sentido da frase de Dicró: "Siempre supe que a la gente le gusta los refritos" (lê-se: "Eu sempre soube que o povo gosta é de remake mesmo").
Ah, e Liberdade, Liberdade? E Justiça? Bem, embora eu tenha gostado também destas produções (apesar de não poder assisti-las, pois costumo acordar cedo para trabalhar), não é esse o foco. Espero que produções como essas duas se repitam este ano, pelo primor e pela qualidade que imprimiram em 2016.
Bem, e do Rio de Janeiro pegamos a Via Dutra para São Paulo, para falarmos das três grandes forças que tentam, cada uma à sua maneira, derrubar a Globo.
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